São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011 |
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VINICIUS TORRES FREIRE O grande massacre de bancos
O QUE SE PASSA? Além do medo vago de uma recessão enorme, ninguém parece saber nada. Um sujeito que sabe das coisas, vive no topo do mundo e em geral é franco, Mohamed El-Erian diz que ninguém sabe nada, por isso o medo, por isso a liquidação geral nos mercados. El-Erian é o presidente (CEO) e coexecutivo-chefe de investimentos (CIO) da Pimco, a maior investidora em renda fixa do mundo. Em entrevista à TV Bloomberg, na tarde de ontem, ele dizia o seguinte: "O mercado passa por [um momento de] volatilidade maciça. Não surpreende, pois estamos em mares nunca dantes navegados ["uncharted waters"] no que diz respeito à economia, às políticas [econômicas] e, portanto, aos mercados". Então agora a França pode perder a nota máxima de investimento. Então, "as Bolsas mergulham com a volta das preocupações com a Europa", como dizia a manchete da noite de ontem da edição on-line do diário econômico britânico "Financial Times". Essas seriam as novidades. Novidades? "Volta" da preocupação com a Europa? Por que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, encurtou as férias para uma reunião de emergência de seu governo? Francamente. Que o Titanic europeu tem passado raspando por um monte de icebergs não é novidade nenhuma. Desde segunda-feira, o Banco Central Europeu mantém as imunodeprimidas Itália e Espanha numa bolha de plástico, isoladas dos vírus dos mercados, por meio da compra de dívida dos dois países. O BCE espera que, até setembro, entre em funcionamento o fundo ampliado para salvar governos europeus da quebra. Mas há dúvida geral sobre se haverá botes para salvar tanta gente do naufrágio (dinheiro para cobrir tanto governo quase falido) -ou se a Alemanha vai concordar em fornecer os botes. Isso é sabido faz semanas. O resto é especulação insana além da conta, como a de agora, com a França. Decerto calotes de governos feririam de morte bancos europeus, que viram suas ações despencar ontem. Na França, o Société Générale caiu 14,7%. O BNP, 9,5%. O Crédit Agricole, 11,8%. Na Itália, o Monte dei Paschi caiu 9,8%. O Unicredit, 9,4%. O Intesa, 13,7%. Na Espanha, queda de 8,3% para o Santander. Ruim? É. Mas nos EUA prosseguia também ontem a grande e nova liquidação das ações dos grandes bancos. O Bank of America caiu 10,9%. O Citi, 10,5%. O Wells Fargo, 7,7%. Até o Goldman Sachs, que continua muito longe de ser um banco comercial, caiu 10,1%. Mesmo que ninguém saiba nada nesta carnificina insana de valores e de análises racionais, parece que se suspeita de algo podre nos bancos -ao menos, o rumor pegou. Os bancos americanos agora têm muito menos negócios exóticos e alavancados. Têm, pois, de viver mais de empréstimos. Mas os juros estão baixíssimos e o apetite por crédito não vai melhor -vai diminuir mais, numa recessão. Seria apenas isso? Talvez. Ainda há especialista no assunto para quem os bancões americanos têm pouco capital e ainda muito negócio podre na caixinha. Verdade? Por ora, não há registro de dificuldade de financiamento dos bancos americanos (na Europa, isso já ocorre). Apenas rumores, porém, podem arrebentar a saúde de bancos. Rumores, rumores e "psicologia de manada". É isso. vinit@uol.com.br Texto Anterior: Aviação: Bombardier vai criar escritório regional no Brasil até o fim do ano Próximo Texto: Apple ultrapassa Exxon e vira empresa mais valiosa do mundo Índice | Comunicar Erros |
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