São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Quebra na safra de cana faz usina reduzir pedidos de equipamentos

Indústrias do interior de SP que fornecem maquinário para usinas já estão com ociosidade

Com o adiamento dos pedidos pelas usinas, empresas de Sertãozinho já cogitam demitir empregados

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A indústria sucroenergética já amarga os efeitos da quebra da safra de cana-de-açúcar na região centro-sul, com a queda no número dos pedidos de peças e equipamentos para ampliação ou manutenção de usinas.
No maior polo de empresas do setor, em Sertãozinho (313 km de São Paulo), os empresários estão preocupados com a produção e já consideram a possibilidade de cortes caso os pedidos não sejam retomados.
A preocupação com os empregos também atinge a direção do sindicato dos metalúrgicos da cidade. Em junho, o saldo de empregos na indústria foi negativo em 153 vagas, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.
No mesmo período do ano passado, o saldo foi positivo. "Tem trabalhador ocioso nas indústrias. E, se não entrarem novos pedidos, haverá mais demissões no setor", disse o diretor do sindicato, Francisco Alves Magalhães.
Paulo Saraiva, supervisor comercial da Brumazi -uma das maiores fornecedoras de maquinário e peças para o setor no país-, afirmou que quatro pedidos de usinas já foram engavetados por causa da baixa produção de cana. No faturamento, a quebra da safra já representa baixa de 15% na empresa.
Ele disse que as usinas que ainda estavam no processo de crescimento, após o início das atividades em meados de 2007, reduziram os investimentos com a crise de 2008 e agora com a falta de cana.
Hoje, a Unica (entidade representante das usinas) divulga sua nova estimativa de produção de cana. Em julho, houve queda de 6%.

FATURAMENTO MENOR
"A usina nasce pequena e vai crescendo com o canavial, a cada safra. Algumas já tinham superado a crise, mas agora veio a quebra da safra e não há matéria-prima para continuar a investir", disse Saraiva.
José Martineli, diretor comercial da Caldema -outra gigante do setor-, confirmou que os pedidos estão abaixo do esperado para este ano. "Em relação ao ano passado, nosso faturamento está 60% menor até agora."
Ele afirmou que reduziu os turnos de trabalho para apenas dois e que, se não houver novos pedidos nos próximos meses, poderá demitir funcionários. "Investimos em mão de obra, mas teremos de demitir se nada mudar."
O presidente da Sermatec (subsidiária da Zanini), Antonio Carlos Christiano, afirmou que a quebra da safra da cana só aumenta a incerteza para o setor. "As usinas não investem e as indústrias não trabalham", disse.
Ele afirmou que o governo federal deveria montar um plano específico para todo o setor sucroenergético, de forma a aumentar a produtividade na lavoura e incentivar novos investimentos na produção de açúcar e de etanol.
No começo desta semana, o presidente do CeiseBR (associação das empresas do setor), Adézio José Marques, demonstrou a preocupação dos empresários em encontro com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
No final deste mês, o ministro confirmou que vai transferir seu gabinete para Sertãozinho para discutir medidas para o setor. O governo já sinalizou que os investimentos prioritários serão na produção de cana.


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