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FINANÇAS PESSOAIS
MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br
Evite as aplicações "automáticas", pois elas não agregam valor
Você já reparou que o saldo da sua conta-corrente,
quando excede determinado
valor, some da conta e é automaticamente "aplicado" pelo banco?
Como os depósitos em
conta-corrente não são remunerados, esse procedimento parece, a princípio,
uma gentileza do banco que
toma a iniciativa de investir o
dinheiro, evitando que ele fique parado.
E você, induzido a erro pela presteza do banco, deixa
de gerenciar adequadamente
esses recursos achando que o
banco já fez isso por você.
Vamos analisar por que os
bancos fazem isso e quais os
impactos no seu patrimônio.
RUIM PARA O BANCO
Os chamados "depósitos à
vista" são aqueles feitos em
contas de livre movimentação (conta-corrente), que podem ser sacados a qualquer
momento e não recebem remuneração alguma.
Visto por esse ângulo parece uma maravilha, não é
mesmo? Dinheiro de graça,
quem não quer?
Acontece que os bancos
precisam cumprir uma série
de exigências do Banco Central em relação aos depósitos
que recebem voluntariamente de seus clientes.
Uma boa parte desse dinheiro, cerca de 58% atualmente, é recolhida ao BC a título de depósito compulsório, sendo que 45% desse
montante não é remunerado.
Até aqui, tudo bem: se o
banco não paga juros, não é
justo que receba, e o dinheiro
de graça fica para o governo.
Adicionalmente, os bancos são obrigados a emprestar 25% desse montante em
operações de crédito rural,
com juros subsidiados.
Outros 2% são destinados
a operações de microcrédito,
restando apenas 15% para os
bancos usarem livremente.
Complicado não é mesmo?
O banco corre o risco de crédito, o risco de descasamento
entre o prazo da captação do
depósito à vista e o prazo do
crédito rural, e o pequeno lucro dessa operação não remunera adequadamente os
riscos.
SAÍDA PARA O BANCO
Quanto menor o saldo em
conta-corrente, menor a
quantidade de operações
obrigatórias e maior a autonomia dos bancos de gerir
seus depósitos como bem
entenderem.
Os bancos então criaram
produtos que direcionam o
dinheiro excedente das contas-correntes para aplicações
automáticas, evitando, dessa
forma, as exigibilidades do
BC já citadas.
A rentabilidade que o banco oferece é baixíssima porque assume que, se o dinheiro estava parado na conta-corrente e não seria remunerado, o cliente não está preocupado com rentabilidade.
RUIM PARA VOCÊ
Se o dinheiro parado em
conta for destinado a pagamentos diversos, e será gasto
nos próximos dias, não há
qualquer impacto negativo.
Mas, se todo ou parte desse valor for excedente de caixa e seria destinado a investimentos, você pode deixar de
fazê-lo imaginando que o
banco já fez isso por você.
Acontece que a aplicação
que o banco faz automaticamente oferece rentabilidade
perto de zero, já que a alternativa seria deixar o dinheiro
em conta-corrente, sem nenhuma rentabilidade.
SAÍDA PARA VOCÊ
Gerencie a aplicação dos
seus recursos financeiros escolhendo o produto de investimento mais adequado para
seu objetivo, seu perfil de risco e seu horizonte de tempo.
Consulte sobre a disponibilidade de fundos de investimentos, aplicações em CDB
ou poupança, devidamente
remunerados, programados
para resgate imediato caso a
conta acuse saldo devedor.
Assim, você terá a situação
ideal: receberá rentabilidade
competitiva sobre os recursos disponíveis e não pagará
juros sobre eventual saldo
devedor que será coberto mediante resgate automático.
Moral da história: as aplicações que investem o dinheiro excedente em conta-corrente automaticamente
são positivas para os bancos,
não para você. Evite-as.
MARCIA DESSEN, Certified Financial
Planner, é sócia e diretora-executiva do
BMI Brazilian Management Institute,
professora convidada da Fundação Dom
Cabral e cofundadora do Instituto
Brasileiro de Certificação de Profissionais
Financeiros.
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