São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Na Coreia do Sul, China tem condições de manter posição firme sobre o câmbio

YAO YANG
DO "FINANCIAL TIMES"

Muitos esperam que a cúpula do G20 resulte em acordo de coordenação de políticas cambiais entre os grandes países, o que evitaria uma guerra cambial aberta.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, propôs um limite de 4% para o superavit ou deficit em conta-corrente de cada país, na reunião preparatória entre ministros das Finanças e dirigentes de bancos centrais.
Circula entre autoridades dos EUA a ideia de uma retomada do Acordo do Plaza para valorizar o yuan, da mesma forma que o Acordo do Plaza original, em 1985, forçou a valorização do iene. Mas a ideia é mais esperança que realidade. Na conferência de cúpula, a China se manterá firme diante de quaisquer tentativas de forçar uma valorização rápida.
Para a maioria dos analistas que trabalham ma China, a disputa é causada pela política monetária frouxa adotada nos EUA. O lançamento de uma segunda rodada de relaxamento quantitativo (QE2), de US$ 600 bilhões, pelo banco central dos EUA reforçou essa interpretação.
O debate tampouco ajuda a convencer os líderes chineses. A questão vem sendo retratada como um cabo de guerra entre a China e o restante do mundo.

RESISTÊNCIA À PRESSÃO
A verdadeira questão é determinar se a China, como os EUA já há muito tempo, tem o poder de resistir impavidamente a pressões externas. Em outros termos, a China só permitirá a valorização rápida de sua moeda se outros países foram capazes de ameaçar punições efetivas.
A União Europeia expressou preocupações em recente conferência de cúpula com a China, mas também enfrenta problemas de desequilíbrio. Uma valorização do yuan pode roubar liquidez à Europa, o que agravaria a posição já fraca do euro.
Os EUA esperam que a valorização do yuan resulte em valorização de outras moedas. Porque sabem disso, Japão e Coreia do Sul demonstram interesse especialmente baixo em aderir a uma campanha contra a China. De fato, o ministro das Finanças japonês acusou a Coreia do Sul de manipular sua taxa de câmbio e questionou a qualificação de Seul como sede da cúpula do G20.
Por isso é bem provável que a China assuma a defensiva no G20. Rejeitou o limite proposto por Geithner para a conta-corrente e tomará por alvo o QE2. Não lhe faltarão aliados. Os ministros das Finanças da Alemanha e da África do Sul já se pronunciaram a respeito.


YAO YANG é diretor do Centro Chinês de Pesquisa Econômica, na Universidade de Pequim.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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