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ANÁLISE
Na Coreia do Sul, China tem condições de manter posição firme sobre o câmbio
YAO YANG
DO "FINANCIAL TIMES"
Muitos esperam que a cúpula do G20 resulte em acordo de coordenação de políticas cambiais entre os grandes países, o que evitaria
uma guerra cambial aberta.
O secretário do Tesouro
dos Estados Unidos, Tim
Geithner, propôs um limite
de 4% para o superavit ou deficit em conta-corrente de cada país, na reunião preparatória entre ministros das Finanças e dirigentes de bancos centrais.
Circula entre autoridades
dos EUA a ideia de uma retomada do Acordo do Plaza para valorizar o yuan, da mesma forma que o Acordo do
Plaza original, em 1985, forçou a valorização do iene.
Mas a ideia é mais esperança que realidade. Na conferência de cúpula, a China
se manterá firme diante de
quaisquer tentativas de forçar uma valorização rápida.
Para a maioria dos analistas que trabalham ma China,
a disputa é causada pela política monetária frouxa adotada nos EUA. O lançamento
de uma segunda rodada de
relaxamento quantitativo
(QE2), de US$ 600 bilhões,
pelo banco central dos EUA
reforçou essa interpretação.
O debate tampouco ajuda
a convencer os líderes chineses. A questão vem sendo retratada como um cabo de
guerra entre a China e o restante do mundo.
RESISTÊNCIA À PRESSÃO
A verdadeira questão é determinar se a China, como os
EUA já há muito tempo, tem
o poder de resistir impavidamente a pressões externas.
Em outros termos, a China só
permitirá a valorização rápida de sua moeda se outros
países foram capazes de
ameaçar punições efetivas.
A União Europeia expressou preocupações em recente conferência de cúpula com
a China, mas também enfrenta problemas de desequilíbrio. Uma valorização do
yuan pode roubar liquidez à
Europa, o que agravaria a posição já fraca do euro.
Os EUA esperam que a valorização do yuan resulte em
valorização de outras moedas. Porque sabem disso, Japão e Coreia do Sul demonstram interesse especialmente
baixo em aderir a uma campanha contra a China.
De fato, o ministro das Finanças japonês acusou a Coreia do Sul de manipular sua
taxa de câmbio e questionou
a qualificação de Seul como
sede da cúpula do G20.
Por isso é bem provável
que a China assuma a defensiva no G20. Rejeitou o limite
proposto por Geithner para a
conta-corrente e tomará por
alvo o QE2. Não lhe faltarão
aliados. Os ministros das Finanças da Alemanha e da
África do Sul já se pronunciaram a respeito.
YAO YANG é diretor do Centro Chinês de
Pesquisa Econômica, na Universidade de
Pequim.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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