São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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No Brasil, 40% não têm conta em banco

No Nordeste, índice supera 50%, segundo estudo do Ipea; dos excluídos, só 40% afirmam que gostariam de ser correntistas

Para a maioria, principal função de banco é movimentação da conta; concessão de crédito é pouco citada

GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO

O crescimento do número de contas em bancos no país nos últimos anos ainda está longe de incluir todos os brasileiros no sistema bancário, mostra estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado ontem.
De acordo com os dados, quase 40% da população não possui conta em banco.
O número é maior entre as mulheres, cujo percentual chega a 44,5%. Entre os homens, o índice é de 34%.
Considerando as regiões do país, a Nordeste aparece com o maior índice de exclusão -mais da metade dos habitantes não tem conta.
Dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostram que o número de contas-correntes no Brasil cresceu 110% entre 2000 e 2009, chegando a 133,6 milhões. O número, porém, não reflete o nível de bancarização no país, já que algumas pessoas possuem mais de uma conta.
Entre os brasileiros que ainda não são bancarizados, a maior parte aponta que não tem vontade de ser incluída no sistema: apenas 40,3% afirmaram que gostariam de ser correntistas.
Além disso, o percentual de pessoas que creem ter o perfil necessário e procurado pelos bancos é ainda menor, de 26,6%. "Ainda há uma exclusão bancária considerável", disse Marcio Pochmann, presidente do Ipea.

CRÉDITO
Questionados sobre a principal função de um banco, 62,1% dos entrevistados citaram a movimentação da conta bancária (todos os tipos, inclusive guardar dinheiro).
"A população compreende que a grande função dos bancos no país é a movimentação. A função de emprestar dinheiro ainda é pouco percebida", disse Pochmann.
De acordo com a coordenadora-executiva do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Lisa Gunn, a baixa percepção da oferta de crédito é ruim para o consumidor.
"No Brasil, o varejo acaba promovendo o acesso ao crédito, por meio de cartões de lojas. E os juros do cartão de crédito são muito maiores do que o de um empréstimo pessoal no banco, por exemplo."
Segundo os dados do Ipea, 17,3% das mulheres e 21,7% dos homens possuem algum empréstimo em banco.
Entre eles, 77,4% afirmaram que foram informados do valor exato dos juros e encargos cobrados pelas instituições financeiras.


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