São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2011

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Indústrias de alimentos vão para o campo em busca de parcerias

Objetivo é investir em novas variedades, obter melhores produtos e que atendam ao mercado

Empresas investem em centros de pesquisa para ajudar agricultores a desenvolver produtos com maior qualidade

Adriano Machado - 9.mai.08/Bloomberg
Plantação de girassol da Embrapa, em Goiás; indústrias investem em novas variedades visando melhores produtos

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

Qualidade do produto, custos e adequação da matéria-prima às necessidades da empresa têm levado cada vez mais as indústrias de alimentos para o campo.
Nessa lista entram indústrias que utilizam batata, milho, trigo, pipoca, ervilha, mandioca, mandioquinha e até inhame.
Elas não medem esforços para investir em novas variedades agrícolas, que serão destinadas aos produtores com os quais mantêm parcerias.
Um desses casos é o da Pepsico, uma das grandes indústrias mundiais de alimentos. Apesar de o objetivo final da empresa ser a produção de alimentos industrializados, os investimentos em pesquisas agrícolas somam US$ 20 milhões por ano.
Além desses investimentos na busca de novas variedades agrícolas, a empresa gasta um volume ainda maior de recursos em fomento aos produtores.
Só na América do Sul, esses investimentos somam US$ 11 milhões e agregam treinamento, cursos e visitas a campos monitorados por agrônomos.
"A marca é o patrimônio da empresa", diz Jorge Tarasuk, vice-presidente de operações da divisão de alimentos da Pepsico América do Sul, ao se referir à necessidade de a indústria fazer um controle dos produtos e, consequentemente, obter segurança alimentar.

NOVAS VARIEDADES
A Yoki, outra indústria de alimentos, vai na mesma linha da Pepsico.
Sem a oferta de produtos de qualidade no mercado interno e dependente de importações, principalmente de milho pipoca, a empresa foi em busca de variedades mais produtivas e específicas para sua linha industrial.
A empresa passou a oferecer novos cultivares aos produtores e a produção nacional substitui as importações.
Um dos feitos mais recentes da Yoki foi a "nacionalização" da ervilha, produto originalmente importado do Canadá. Embora ainda esteja dependente de compras externas, a Yoki já consegue cultivares adaptáveis a regiões do Rio Grande do Sul.
O resultado é que em pouco tempo a empresa deixará de importar esse produto, segundo Gabriel João Cherubini, vice-presidente da Yoki.
O executivo não revela quanto a empresa destina a esses investimentos voltados para o campo.

CEVADA E CAFÉ
Na mesma linha das demais, a AmBev também mantém centros de pesquisa no Sul e desenvolve variedades próprias de semente de cevada. A empresa tem uma área de 75 mil hectares de cevada em parceria com produtores na região Sul.
"Essas nossas parcerias mantêm viva a cultura da cevada no Brasil", diz Marcelo Otto, diretor agroindustrial da AmBev.
A italiana Illycaffè também teve de ir a campo e orientar os produtores para obter um café específico para o seu "blend".
Como metade do café que industrializa na Itália sai do Brasil, a Illy instituiu prêmios para obter um produto de melhor qualidade.
Além disso, criou uma "universidade do café" no país e instituiu um clube para produtores trocarem experiências. Tudo isso para dar condições aos cafeicultores de elevar o padrão do café.
"Não damos nada de graça para ninguém, apenas pagamos o preço justo pelo produto adquirido", diz Nelson Carvalhaes, sócio-diretor da Porto de Santos Comércio Exportação e Importação Ltda., empresa responsável pelas compras da Illy no Brasil.


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