São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011

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ANÁLISE

"Colonialismo brasileiro" vira tema de campanha no Peru

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
SÃO PAULO

A internacionalização das estatais brasileiras na América do Sul já causa conflitos políticos. A atuação do Brasil na busca de recursos naturais em países da região é comparada ao novo colonialismo chinês.
Projetos envolvendo a Eletrobras e a Petrobras transformaram-se em um dos principais temas da campanha presidencial do Peru.
Os dois candidatos à Presidência do Peru, o esquerdista Ollanta Humala e a direitista Keiko Fujimori, declararam que irão rever licenças ambientais e exigir consultas aos indígenas para prosseguir com as obras de hidrelétricas tocadas por empresas brasileiras.
"Se as comunidades não estão de acordo com projetos que podem afetar o ambiente e o desenvolvimento das populações, como o projeto da hidrelétrica de Inambari, essas obras não serão realizadas", disse Humala. "Os grandes projetos, como Inambari, terão de passar por uma consulta prévia da população", disse Keiko.
Inambari é tocada por Eletrobras, Furnas e a empreiteira OAS. Ela faz parte do pacto energético firmado entre Peru e Brasil em 2008, que prevê a construção de seis usinas. No total serão construídas 20 hidrelétricas com participação do Brasil até 2050.
Keiko e Humala estão empatados nas pesquisas do segundo turno, que será realizado no dia 6 de junho.
A atuação da Petrobras no Peru desencadeou uma onda de nacionalismo no país. Humala declarou que vai restringir o percentual de gás da reserva de Camisea que poderá ser exportado, para manter os preços baixos dentro do Peru.
"Em meu governo, nem uma molécula do gás de Camisea vai sair do país", disse Humala, em campanha. A Petrobras explora gás no Lote 58, próximo a Camisea.
O congressista Daniel Abugattás, porta-voz do Gana Peru, o partido de Humala, afirmou recentemente à Folha: "Não vamos aceitar obras sem autorização social. Hidrelétricas na selva podem ser prioridade para o Brasil, mas não são prioridade para o Peru".


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