São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 2011 |
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Aeroporto não atrai capital, diz executivo Modelo de concessão proposto no Brasil, que inclui só a parte comercial, não funciona, diz Robert Deutsch Em seminário sobre o tema, diretor da Iata diz que o Brasil precisa "parar de discutir e partir para a ação" MARIANA BARBOSA DE SÃO PAULO O modelo de concessão que o governo propõe para o terceiro terminal de Guarulhos não deve despertar o interesse do setor privado. "Terceiro terminal só com a administração comercial, sem a operação, não funciona e não há exemplos disso na América Latina", disse Roberto Deutsch, presidente da A-Port, empresa de aeroportos da Camargo Corrêa. "Acredito que o governo vai ter dificuldade de encontrar investidores que façam esse papel." Para o executivo, que participou de seminário sobre aeroportos na América Latina promovido pela PricewaterhouseCoopers e pelo Santander, o Brasil ficou para trás na região na questão da modernização da infraestrutura aeroportuária com concessão à iniciativa privada. "Os países latinos já reconheceram a incapacidade de fazer investimentos e acompanhar a demanda e viram na iniciativa privada uma forma de trazer o estado da arte de gestão para seus aeroportos", afirmou Deutsch. A A-Port integra o consórcio para a construção do novo aeroporto de Quito (Equador), que tem previsão de entrada em operação em 2012 e que nascerá como o mais moderno da América Latina. Deutsch também se mostrou cético quanto à atratividade do modelo de concessão para o aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN). "Dependendo do valor de outorga, você coloca São Gonçalo no limiar da viabilidade econômica, com baixíssima atratividade para a iniciativa privada." Se entre operadores de aeroportos o interesse é menor, o modelo de concessão administrativa começa a despertar o interesse de empresas de shopping center. "Tenho sido procurado por empresas de shopping. Como não é preciso cuidar da parte operacional, pode ser um negócio atraente para elas", disse o advogado Fernando Osório, sócio do escritório AOFMML&F Advogados, um dos participantes do seminário. ESTAGNAÇÃO Para o diretor de aeroportos da Iata (Associação Internacional das Empresas Aéreas), David Stewart, o Brasil vive uma "estagnação de planejamento" de aeroportos. "O Brasil precisa parar de discutir e partir para a ação." Stewart se reuniu na terça-feira com o ministro Wagner Bittencourt, da Secretaria de Aviação Civil, e sugeriu que o governo faça um plano de trabalho para melhorar a eficiência dos terminais 1 e 2 de Guarulhos. "É preciso formar um comitê com todas as partes envolvidas, apontar os problemas e partir para a implementação imediata e de forma sistêmica", disse Stewart, durante o seminário. Na visão da Iata, não adianta agilizar os desembarques ou aumentar a capacidade de voos sem dar mais velocidade ao processo de imigração e sem agilizar a fila dos táxis na saída. "Tem que acabar com essa coisa de consertar uma coisa aqui e outra ali. Tem que fazer um plano e resolver os problemas de uma vez", disse Stewart. O aeroporto de Guarulhos está entre as cinco principais prioridades para a Iata. Os outros quatro são Heathrow, em Londres, Hong Kong, Nova Déli e o segundo aeroporto de Pequim. Texto Anterior: Vinicius Torres Freire Próximo Texto: Gol corta custos e fecha postos de trabalho Índice | Comunicar Erros |
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