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Marcas desejadas ainda ignoram o mercado brasileiro
Redes globais priorizam países asiáticos e reclamam de entraves logísticos e da alta carga tributária no Brasil
Grandes redes atraem turista brasileiro pela qualidade e por preços até 2/3 inferiores ao similar nacional
GABRIEL BALDOCCHI
GRAZIELLE SCHNEIDER
GUILHERME CHAMMAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O dólar fraco e o crescimento exuberante transformaram milhares de turistas
brasileiros no exterior em
clientes preferenciais de gigantes globais do varejo.
Para a infelicidade de
quem busca produtos de boa
qualidade a preços invejáveis, muitas relutam em abrir
filiais por aqui.
A Folha ouviu oito marcas
-que, segundo consultores,
estão entre as mais buscadas
por brasileiros no exterior-
sobre as intenções de instalarem seus negócios no país.
Empresas como Ikea e
TopShop, por exemplo, priorizaram a Ásia como ponto
de partida na expansão em
emergentes, processo reforçado pela crise mundial.
Consultores de varejo
mencionam, além da concorrência asiática, a carga tributária e a capacidade logística
como obstáculos ao desembarque das grandes marcas.
QUALIDADE E PREÇO
As taxas de importação de
mercadorias diminuem a
competitividade delas.
"Um produto pode ser
50% mais barato fora do
país. O Brasil ainda não conseguiu criar marcas com
aceitação, qualidade e preço,
como os da inglesa TopShop
e da sueca H&M", diz Carlos
Ferreirinha, presidente da
MCF Consultoria e Conhecimento, especializada no
mercado de luxo.
Ferreirinha ainda destaca
que os impostos no Brasil inviabilizam, por exemplo, que
uma camiseta branca básica
seja vendida por US$ 5
(R$ 8,61). "E é isso que o
brasileiro encontra lá fora."
Já para Alejandro Pinedo,
diretor-geral da consultoria
Interbrand, a logística é o
maior empecilho para a instalação de empresas estrangeiras em território nacional.
"O que não falta no Brasil é
mercado. O maior motivo para empresas não se estabelecerem aqui são as dificuldades logísticas", afirma.
"Os mercados asiáticos
são mais "market-friendly".
Eles [os estrangeiros] vão
olhar para o PIB, o consumo,
a população, o crescimento,
mas eles também querem saber o quão fácil é ser um negócio naquele país", explica
Martha Stickings, da Business Monitor International.
Os especialistas criticam a
limitação de portos e alfândegas, a burocracia e o mercado de trabalho engessado.
Para eles, os países asiáticos atraem pelo potencial de
crescimento para os próximos anos, com taxas médias
superiores a 7% -de maior
apelo que os 4% projetados
para o Brasil. Todas as marcas consultadas já atuam em
países na Ásia.
"Se tivesse alguns milhões
para investir, iria para a China também", diz Boris Plarner, da consultoria internacional Planet Retail.
Ele aponta o Brasil como a
opção C das grandes marcas
europeias, atrás dos Estados
Unidos e dos asiáticos.
Apesar das dificuldades,
algumas marcas possuem
planos concretos para se instalarem no país.
A britânica Agent Provocateur, de lingeries, por exemplo, já está em busca de parceiros por aqui e a francesa
Sephora anunciou o desembarque depois de "namorar"
o Brasil por dez anos.
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