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CVM recusa acordo e decide julgar executivos da Sadia e da Aracruz
Autarquia vai julgar responsabilidade individual e das empresas nas perdas com derivativos
Executivos ofereceram entre R$ 200 mil eR$ 400 mil para encerrar os processos sem julgamento da CVM
JANAINA LAGE
DO RIO
A CVM decidiu levar a julgamento os casos de Sadia e
Aracruz (hoje Fibria) que investigam perdas milionárias
em operações de risco atreladas ao dólar em 2008.
Os acusados fizeram propostas de acordo para encerrar o caso sem julgamento,
mas elas foram rejeitadas.
Na época, exportadores recorreram a operações com
derivativos cambiais prevendo o fortalecimento do real.
Com a alta do dólar, impulsionada pela crise, registraram fortes perdas. A Aracruz
perdeu R$ 4,6 bilhões e a Sadia, R$ 760 milhões.
O relatório da CVM acusa o
diretor financeiro, membros
do conselho de administração, do comitê financeiro e
do comitê de auditoria da Sadia e da Aracruz de falta de
diligência, que consiste na
falta de zelo e de cuidado exigidos em suas funções.
A Procuradoria Federal Especializada afirma que a
CVM não deve aceitar as propostas dos acusados porque
elas não incluem indenização para as empresas pelos
supostos danos causados.
Os acusados ofereceram
pagamento de R$ 200 mil cada para encerrar o caso.
Os únicos acusados que
ofereceram montante superior -de R$ 400 mil, cada-
foram o presidente da Aracruz à época, Carlos Aguiar, e
o então diretor financeiro,
Isac Zagury.
A CVM apurou falhas no
cumprimento do dever de fiscalização das operações financeiras, escassez de reuniões e participantes pouco
inteirados do assunto.
No caso da Aracruz, a CVM
afirma que a empresa reportou, à época, valor errado para as operações de risco.
Procuradas, Sadia e Aracruz (atualmente Fibria) não
quiseram comentar o caso. A
Folha não conseguiu falar
com os executivos citados.
No final de agosto, o ex-diretor financeiro da Sadia
Adriano Ferreira ganhou
ação de responsabilidade civil iniciada pela empresa,
que queria responsabilizá-lo
pelas perdas com câmbio.
O executivo alega que a
Sadia sempre soube dos riscos que corria e que não autorizou essas operações sem
a aprovação dos superiores.
Colaborou TONI SCIARRETTA de São Paulo
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