São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Operação de socorro mostra lições a serem incorporadas


O FATO DE A INICIATIVA NÃO ENVOLVER RECURSOS DE CUNHO FISCAL OU MONETÁRIO MOSTRA QUE É POSSÍVEL EVITAR PROPAGAÇÃO NOCIVA PARA A ECONOMIA


CARLOS THADEU DE
FREITAS GOMES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A operação para dar liquidez ao Banco PanAmericano foi uma resposta rápida e necessária para que os outros bancos de mesmo porte não tivessem de pagar prêmios de risco maiores em suas captações, ou mesmo sofrerem eventuais saques repentinos de seus depósitos.
O fato de a iniciativa não envolver recursos de cunho fiscal ou monetário mostra que é possível evitar propagação nociva e desnecessária para o restante da economia.
Contudo, fica a lição para que se aperfeiçoem as regras do Banco Central, quando da venda de carteiras de crédito de instituições financeiras.
É importante que cada passo do processo de compra e venda de ativos creditícios seja acompanhado de maneira pontual para que um fenômeno idêntico não ocorra facilmente.
As operações de compra de carteiras de crédito, apesar de comuns, envolvem complexidades que englobam, principalmente, a difícil avaliação dos preços dos títulos envolvidos.
A ausência de mercados secundários (em que os títulos possam ser comprados ou vendidos, na Bolsa ou em mercados de balcão) para esses ativos demanda, por parte dos compradores e vendedores, análises de crédito nem sempre ajustadas aos valores esperados.
A crise financeira internacional está fazendo com que quase todas as autoridades monetárias reavaliem as normas vigentes, adequando-as às novas realidades, de maior demanda por capitalização pelas instituições financeiras, em especial devido às dificuldades de medir os riscos embutidos.
Uma das introduções mais importantes no Acordo de Basileia é o conceito de risco operacional, cuja difícil avaliação requer que as dosagens de capital e as medidas preventivas sejam constantemente atualizadas.
Concluindo, além da fiscalização pontual das operações de troca de carteiras entre as instituições financeiras, para evitar a não contabilização simultânea de tais trocas, é necessário também reavaliar o volume de capital necessário para minimizar os riscos de avaliações errôneas dos títulos em questão.


CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES é economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e ex-diretor do Banco Central.


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