São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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Dilma faz planos para conter o real e critica EUA

Presidente eleita, no entanto, não explica quais seriam as medidas

Lula declara que está mais interessado na valorização do dólar do que na desvalorização da moeda brasileira

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SEUL (COREIA DO SUL)

A presidente eleita, Dilma Rousseff, declarou ontem em Seul que a valorização do real "não é boa para o Brasil" e que tomará "todas as medidas possíveis" para contê-la, mas não detalhou seu plano.
Em meio à expectativa mundial sobre a marca que a governante deve imprimir a seu mandato, a imagem escolhida por ela para justificar seu silêncio inspirou mais dúvida que segurança.
Dilma evocou uma anedota envolvendo o premiê britânico Winston Churchill (1874-1965): "Perguntaram a ele: "Você vai fazer tal medida?". Ele fala que não. Aí ele vai, entra, toma a medida e sai. E aí os repórteres perguntam: "Mas como? Você disse que ele não ia tomar?". E ele fala: "Tem certas medidas que a gente não confessa nem para nós mesmos'".
Em sua primeira viagem internacional após a eleição, Dilma participa da cúpula do G20 ao lado do presidente Lula. "Vamos ter de olhar cuidadosamente, tomar todas as medidas possíveis [contra a valorização]", explicou ela.
A petista criticou a política monetária americana, endossando a posição de países como Alemanha e China, que classificam de desvalorização disfarçada a decisão americana de irrigar a economia com US$ 600 bilhões no próximos oito meses.
"Essa é uma questão que sempre causou problema, a política do dólar fraco faz com que o ajuste americano fique na conta das outras economias."
Por outro lado, ela minimizou a ideia de substituir o dólar por uma cesta de moedas como divisa de valor internacional, proposta na véspera pelo ministro Guido Mantega (Fazenda): disse que é somente uma das "várias posições" que serão discutidas na cúpula do G20.
Horas mais tarde, em entrevista coletiva, Lula, em tom semelhante ao de Dilma, disse que o atual desequilíbrio cambial é inviável.
"A nossa briga no G20 é tentar discutir com a China e com os Estados Unidos, ver se a gente encontra uma solução adequada pra isso. Não dá para continuar do jeito que está, com esse desequilíbrio cambial, não dá", disse Lula, ao lado de Mantega, mas sem Dilma.
"Neste momento, nós estamos menos preocupados com as medidas que temos de tomar para desvalorizar o real e mais com as medidas que os americanos têm de tomar para valorizar o dólar", acrescentou o presidente.
Assim como Dilma, Lula se recusou a comentar eventuais medidas do Brasil para conter a valorização do real.


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