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Dilma faz planos para conter o real e critica EUA
Presidente eleita, no entanto, não explica quais seriam as medidas
Lula declara que está mais interessado na valorização do dólar do que na desvalorização da moeda brasileira
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
(COREIA DO SUL)
A presidente eleita, Dilma
Rousseff, declarou ontem em
Seul que a valorização do
real "não é boa para o Brasil"
e que tomará "todas as medidas possíveis" para contê-la,
mas não detalhou seu plano.
Em meio à expectativa
mundial sobre a marca que a
governante deve imprimir a
seu mandato, a imagem escolhida por ela para justificar
seu silêncio inspirou mais
dúvida que segurança.
Dilma evocou uma anedota envolvendo o premiê britânico Winston Churchill
(1874-1965): "Perguntaram a
ele: "Você vai fazer tal medida?". Ele fala que não. Aí ele
vai, entra, toma a medida e
sai. E aí os repórteres perguntam: "Mas como? Você disse
que ele não ia tomar?". E ele
fala: "Tem certas medidas
que a gente não confessa
nem para nós mesmos'".
Em sua primeira viagem
internacional após a eleição,
Dilma participa da cúpula do
G20 ao lado do presidente
Lula. "Vamos ter de olhar
cuidadosamente, tomar todas as medidas possíveis
[contra a valorização]", explicou ela.
A petista criticou a política
monetária americana, endossando a posição de países
como Alemanha e China, que
classificam de desvalorização disfarçada a decisão
americana de irrigar a economia com US$ 600 bilhões no
próximos oito meses.
"Essa é uma questão que
sempre causou problema, a
política do dólar fraco faz
com que o ajuste americano
fique na conta das outras
economias."
Por outro lado, ela minimizou a ideia de substituir o dólar por uma cesta de moedas
como divisa de valor internacional, proposta na véspera
pelo ministro Guido Mantega
(Fazenda): disse que é somente uma das "várias posições" que serão discutidas
na cúpula do G20.
Horas mais tarde, em entrevista coletiva, Lula, em
tom semelhante ao de Dilma,
disse que o atual desequilíbrio cambial é inviável.
"A nossa briga no G20 é
tentar discutir com a China e
com os Estados Unidos, ver
se a gente encontra uma solução adequada pra isso. Não
dá para continuar do jeito
que está, com esse desequilíbrio cambial, não dá", disse
Lula, ao lado de Mantega,
mas sem Dilma.
"Neste momento, nós estamos menos preocupados
com as medidas que temos
de tomar para desvalorizar o
real e mais com as medidas
que os americanos têm de tomar para valorizar o dólar",
acrescentou o presidente.
Assim como Dilma, Lula se
recusou a comentar eventuais medidas do Brasil para
conter a valorização do real.
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