São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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China ajuda Oi a reduzir sua dívida

Bancos chineses já liberaram US$ 1,7 bi para operadora brasileira, que ainda tem US$ 800 milhões para sacar

Recursos fortaleceram caixa, e dívida já sofreu queda de R$ 2,6 bi; Portugal Telecom colocará mais R$ 7 bi

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A Oi conseguiu US$ 2,5 bilhões em linhas de crédito na China e já teve US$ 1,7 bilhão injetado na companhia somente neste ano.
Resultado: o endividamento diminuiu em US$ 2,6 bilhões entre dezembro de 2009 e setembro de 2010, e a operadora reforçou seu caixa, hoje com R$ 12,5 bilhões.
A situação financeira da Oi começou a complicar após a compra da BrT (Brasil Telecom), no início de 2009. Esperava-se que a incorporação da companhia fosse ser resolvida rapidamente para que as sinergias (economias de custo) pudessem chegar a 30% do valor do negócio, que totalizou R$ 5,8 bilhões.
Mas a Oi sofreu repetidas derrotas com os acionistas da BrT, que não aceitaram o valor de troca das ações. Essa negociação foi interrompida e está congelada. "Provavelmente vai continuar assim", afirmou Alex Zornig, diretor de finanças da Oi. "Queremos simplificar nossa estrutura societária, mas não daremos um tiro no pé."
As perdas de valor de mercado da companhia com essas derrotas foram consideráveis. Somente com a primeira oferta recusada pelos acionistas da BrT a queda foi de R$ 2 bilhões.
Posteriormente, a Oi ainda descobriu pendências judiciais da BrT sem provisionamento de cerca de R$ 1,3 bilhão. Tudo isso ajudou a aumentar o grau de endividamento da companhia, que passou a enfrentar problemas para trocar dívidas de curto prazo por outras de longo prazo, uma forma de obter "fôlego" para honrar seus compromissos com credores e continuar investindo para fazer frente à concorrência.
Uma forma de sair dessa situação foi apresentada pela China. Com a ajuda da chinesa Huawei, uma das maiores fabricantes de equipamentos de telecomunicações do mundo e fornecedora da Oi, a companhia conseguiu neste ano um acordo com o China Eximbank, prevendo a liberação de US$ 1 bilhão com prazo de dez anos.
Zornig disse ainda que foram negociados depois acordos com o Bank of China e o China Industrial Bank.

TOMA LÁ, DÁ CÁ
A Oi já tomou 70% dos recursos aprovados. No caso do China Eximbank, 70% do dinheiro liberado foi usado para a compra de equipamentos de fabricantes chineses, como a Huawei e ZTE.
Na prática, os fornecedores instalaram os equipamentos, que foram "alugados" pela Oi. O pagamento foi feito com dinheiro chinês, uma forma de o governo daquele país estimular o crescimento de suas empresas.
Os 30% restantes dos recursos do China Eximbank e a totalidade do financiamento dos demais bancos chineses viraram capital de giro, ajudando no fortalecimento do caixa da Oi, que também diz ter aumentado sua receita no período.
Com a entrada da PT (Portugal Telecom), que deve ser oficializada no final de novembro, haverá uma injeção de até R$ 7 bilhões diretamente na operadora, permitindo que os investimentos sejam ampliados para além dos atuais R$ 3,5 bilhões.
Esse aporte também facilitará na mudança do perfil da dívida. Hoje a maior parte dela deve ser paga em 4,5 anos. Mas será possível procurar outros bancos e trocar um financiamento por outro, com prazos maiores e juros menores, como a Oi conseguiu com os chineses.


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