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PAC não resolve logística na Amazônia
Estudo afirma que principal projeto de infraestrutura do governo não elimina gargalos de transporte na região
Levantamento encomendado por empresários será base para discussão de investimento no PAC 2
DE SÃO PAULO
Parte dos investimentos
alocados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não vai reduzir o custo do transporte na Amazônia Legal, despesa estimada
em R$ 17 bilhões por ano.
A redução desse custo tem
efeito estratégico para uma
região que cobre 5,2 milhões
de quilômetros quadrados,
60% do território nacional.
O efeito também pode ser o
de ampliar a renda local e
melhorar o desempenho das
16 cadeias produtivas mais
importantes na região.
Essa é a conclusão de um
estudo encomendado pela
CNI (Confederação Nacional
da Indústria) e pelas federações das indústrias de vários
Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima
e Tocantins) que compõem a
Ação Pró-Amazônia.
O Projeto Norte Competitivo, assinado pela consultoria
Macrologística, será apresentado agora aos governos eleitos dos Estados e da União.
O diagnóstico e as orientações sugeridas no trabalho
serão usados para mobilização política da região. A meta
é tentar redefinir as escolhas
de investimento, inclusive
aquelas elencadas no PAC 2.
Segundo Olivier Gerard,
um dos autores do estudo,
metade dos projetos identificados como relevantes para a
logística amazônica não está
contemplado no programa
de infraestrutura do governo.
PROJETOS
O dossiê foi feito ao longo
de mais de um ano de trabalho. Mais de 200 pessoas foram ouvidas. Sete países
fronteiriços foram visitados.
Para as 33 mesorregiões
radiografadas, o estudo ofereceu alternativas para reduzir os custos para setores como o agronegócio e a indústria eletroeletrônica.
A pesquisa resultou num
compêndio com 1.650 páginas. Há 151 projetos relevantes para a Amazônia Legal,
que demandariam R$ 52 bilhões em investimentos.
Mas, para torná-la factível,
os organizadores do levantamento reduziram a lista para
71 projetos prioritários, com
investimentos de R$ 14 bilhões. A cifra será suficiente
para criar nove eixos logísticos para a região.
Destes, há uma lista ainda
mais enxuta para investimento em curto prazo da
qual foram pinçadas 34
obras, o que exigirá aporte de
R$ 6,8 bilhões.
HIDRELÉTRICAS
O estudo aponta na direção das hidrelétricas a grande solução para a Amazônia.
O principal projeto apontado
na pesquisa é capaz, sozinho, de gerar uma economia
de R$ 1,8 bilhão no custo do
transporte, com a criação de
uma saída para grãos da região norte do Mato Grosso até
o rio Amazonas.
Isso só será possível com a
implantação da hidrovia Juruena/Tapajós. Apesar de relevante, o projeto está fora do
PAC e tem ameaça de jamais
existir se a construção das hidrelétricas no rio Tapajós
não considerar as eclusas
que o torna navegável.
"Acho que essa é a grande
batalha que será travada
agora. A infraestrutura energética é importante, mas ela
não pode condenar o transporte de uma região", afirma
Gerard.
Nesse sentido, o estudo
contribui para o planejamento. Para Renato Pavan, outro
autor do trabalho, a novidade do relatório foi olhar as
opções do ponto de vista econômico, com a criação de sistemas logísticos.
"O problema do PAC é que
o programa olha obras ou
projetos isolados, sem vínculo com um sistema logístico.
O avanço do estudo é esse,
propor visão econômica, e
não política", disse Pavan.
Segundo os autores do estudo, o documento não oferece ao país apenas um volume de informações sobre
quanto custa produzir na
Amazônia brasileira.
Outro mérito, segundo
eles, é a afirmação que o direcionamento da primeira parte do PAC para o Norte não reduz custos de transporte.
Mostra que é preciso avaliar
custos das hidrovias e defende que nenhum corredor logístico que cruze países sul-americanos é competitivo.
Também argumenta que a
solução para o transporte na
Amazônia pode ser obtido ali
mesmo.
(AGNALDO BRITO)
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