São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011

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Sem estrangeiros, resort foca em eventos

Percentual de turistas de lazer cai de 63% para 42% de 2007 a 2010 nesses hotéis, mostra associação do setor

Com crise nos países ricos e real valorizado, estrangeiros foram só 20% dos hóspedes no ano passado

JANAINA LAGE
DO RIO
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Nos resorts brasileiros, inglês não é mais coisa de turista, mas de executivo. Para compensar a queda dos viajantes estrangeiros, esses hotéis apostam no mercado de eventos, que cresce com a economia.
Levantamento da associação do setor, a Resorts Brasil, feito a pedido da Folha, mostra que os turistas de eventos são 58% dos hóspedes, ante 37% em 2007.
O crescimento desse público está compensando o sumiço dos estrangeiros. Hoje, os brasileiros representam 80% do hóspedes dos resorts. Em 2008, eram 57%.
Segundo o presidente da Resorts Brasil, Rubens Régis, o aumento dos eventos é que garantiu a alta na média das diárias, que passou de R$ 468 em 2009 para R$ 533 em 2010. O setor faturou R$ 1,1 bilhão no ano passado.
Regina Rocha, gerente comercial do Portobello Resort, em Mangaratiba, no Rio, diz que o segmento representou 43% da receita e 47% da ocupação do hotel em 2010. O perfil dos eventos hoje inclui mais atrações, como shows e esportistas, diz Regina.
"Antes, as empresas traziam funcionários para treinamento, com palestras motivacionais. Hoje, o lançamento de produtos continua sendo um grande filão, mas há mais investimentos em ações de relacionamento com clientes."
De olho no segmento corporativo, o Rio Quente Resorts, em Goiás, ampliou o centro de convenções no ano passado e registrou aumento de 51% no número de eventos. Mais focado no mercado doméstico, os estrangeiros representaram apenas 1% dos hóspedes em 2010.
O resort com maior estrutura de eventos no país, o Costão do Santinho, em Florianópolis, investirá mais de R$ 1 milhão para adaptar algumas áreas para o inverno.
As mudanças, que incluem aquecimento em áreas externas e mudanças na decoração e mobília, visam a atrair eventos, mesmo no período mais frio.
Em busca da rentabilidade após anos de resultados negativos, a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) tornou a Sauipe S.A. a operadora hoteleira da Costa do Sauipe (BA). O grupo investe em hotéis de perfis diferentes e eventos como o torneio de tênis da Costa do Sauipe, o mais importante do Brasil.
Sem sinais de mudanças radicais na taxa de câmbio, algumas redes saíram do segmento de resorts e focaram em hotéis de negócios.
A Atlantica Hotels deixou a administração do Beach Class Muro Alto Resort, em Pernambuco. A BHG vendeu o Txai, na Bahia, mas manteve a administração.

NEGÓCIOS
A presidente da ABGev (associação de gestores de viagens corporativas), Viviânne Martins, diz que viagens de negócios já representam 55% do faturamento do turismo no país. Em 2009, essas viagens movimentaram R$ 17,6 bilhões. O valor inclui passagens aéreas, hospedagem e aluguel de veículos.
Martins ressalta que resorts, assim como cruzeiros, têm a vantagem de concentrar em um só lugar um grande número de profissionais.
De outro lado, afirma que eles precisam avançar em localização -pensados com foco no turismo de lazer, alguns ficam em áreas de difícil acesso- e alimentação.
Pesquisa divulgada pela ABGev mostra que 71% das empresas contam com calendário de eventos. O perfil mudou nos últimos anos: "Hoje, há mais conteúdo e relacionamento com os clientes e menos coquetéis", resume.


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