São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

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Clientes da Nossa Caixa reclamam do BB

Correntistas de instituição paulista, recém-incorporada pelo banco federal, queixam-se de problemas no atendimento

Reclamações são sobre perda de limites no cheque especial, débito não autorizado e atraso em transações

Silvia Zamboni/Folhapress
A servidora Edna Cecília do Nascimento, que teve limite cortado

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Clientes da antiga Nossa Caixa, banco paulista vendido e recém-incorporado pelo Banco do Brasil, estão descontentes com o atendimento da nova casa.
As queixas dizem respeito a perda de limites no cheque especial, problemas no atendimento e até atrasos nas transações envolvendo depósitos judiciais.
O BB liderou em maio, pelo quarto mês seguido, o ranking de reclamações dos clientes no site do Banco Central, seguido por HSBC e Bradesco empatados em segundo lugar (veja quadro).
A maioria das queixas no BB é sobre débitos não autorizados, divergências de valores em saques e depósitos e problemas no atendimento.
As reclamações coletadas pelo BC não retratam apenas a situação de São Paulo e dos clientes que vieram da Nossa Caixa, mas de todo o país.
Nos demais bancos, predominam queixas sobre cobrança de tarifas e divergência na hora de quitar dívidas.
Edna Cecília do Nascimento, servidora da Prodesp, afirma que teve seu limite no cheque especial de R$ 1.000 cortado depois que sua agência foi para a rede do BB.
O motivo alegado era que a servidora tinha o nome sujo, fato tolerado pela Nossa Caixa, mas não pelo BB.
Após cortar o limite, o banco ficou com quase todo o primeiro salário que caiu na conta dela para cobrir o buraco no cheque especial.
Ela conta que não conseguiu negociar e acabou atrasando outros pagamentos considerados prioritários, como água, luz e alimentação. "Fiquei de um dia para o outro sem dinheiro. O BB disse que seguia regras e não quis discutir nada."
O banco afirma que estuda a situação cadastral da cliente para avaliar se é possível rever a situação.

ATRASO
O perito judicial Thales do Valle Dutra, que faz laudos técnicos sobre disputas envolvendo construção civil, relata que passou a receber o pagamento de guias expedidas pela Justiça com mais de duas semanas de atraso.
Antes da migração, isso ocorria em dois dias.
"Tenho custos por esse trabalho e também tive de atrasar pagamentos. Virou uma bagunça o atendimento depois que minha agência migrou. A situação é tão caótica que alguns juízes pressionam para os depósitos judiciais irem para outro banco."
O BB atribui os atrasos a novos procedimentos decorrentes da unificação dos serviços de compensação que atendem o Judiciário, mas diz que trabalha para melhorar isso (leia nesta pág.).

JUDICIÁRIO
Com a Nossa Caixa, o BB obteve o monopólio das contas do Judiciário, que somam R$ 15 bilhões em depósitos com remuneração de 6% ao ano, um dos custos de captação mais baixos hoje.
Na migração das agências, os clientes tiveram de mudar números de conta e senha. Por outro lado, ganharam acesso a um portfólio maior de produtos e serviços, como fundos de investimento, cartões, seguros e previdência.
O banco equiparou tarifas, taxas de juros e benefícios, para que nenhum cliente saísse perdendo com a migração.
Maior banco do país, o BB se lançou tardiamente à corrida da consolidação no setor. Mesmo assim mexeu com o equilíbrio de forças entre Itaú Unibanco, Bradesco e Santander e virou o nº 1 em agências em São Paulo.


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