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OPINIÃO
Fusões não visam melhorar serviços aos consumidores
MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA
Em 2008, o Banco do Brasil anunciou a aquisição da
Nossa Caixa, banco estatal
paulista que atuava fortemente vinculado ao governo
estadual e ao funcionalismo.
Pois bem, os clientes da
antiga Nossa Caixa continuam enfrentando dificuldades em razão da migração de
suas contas para o BB.
Elas vão de limite de crédito à declaração de Imposto
de Renda deste ano, quando
correntistas da Nossa Caixa
tiveram de informar o código
do Banco do Brasil. Mas não
foram avisados antes.
Os correntistas da antiga
Nossa Caixa não podem simplesmente aceitar as condições impostas pelo BB.
Devem ir aos gerentes e negociar condições mais favoráveis. E têm o direito de receber informações corretas,
amplas e no tempo exato. A
comunicação, aliás, não é o
forte dessas fusões.
Por quê? Porque fusões
não são feitas para melhorar
a vida do consumidor. Não
visam a um atendimento
mais qualificado nem à ampliação de serviços.
O objetivo de reunir empresas como Nossa Caixa ao
BB é cortar custos, otimizar o
uso de agências e de empregados, enfim, melhorar o desempenho financeiro.
Quem perde, obviamente,
é o cliente. Afinal, um correntista que já tem conta há anos
em um banco acostumou-se
a uma rotina. E as coisas mudam quando sua conta é vinculada a outro banco.
Brasil e mundo vivem uma
onda de fusões, dentro da lógica de menos custo, mais lucro, menos serviço.
Mas o que devem fazer os
correntistas que foram migrados para o BB se não conseguirem se fazer ouvir pelas
gerências? Fazer um relatório das dificuldades e procurar, primeiramente, a ouvidoria do Banco do Brasil.
Se a situação persistir, ou
surgirem novas reclamações,
recorrer aos Procons ou à Justiça. É desgastante.
E, lamentavelmente, como
na antiga propaganda do
carro a álcool: fusões e aquisições, você ainda terá uma
pela frente, goste ou não.
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