São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

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OPINIÃO

Fusões não visam melhorar serviços aos consumidores

MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA

Em 2008, o Banco do Brasil anunciou a aquisição da Nossa Caixa, banco estatal paulista que atuava fortemente vinculado ao governo estadual e ao funcionalismo.
Pois bem, os clientes da antiga Nossa Caixa continuam enfrentando dificuldades em razão da migração de suas contas para o BB.
Elas vão de limite de crédito à declaração de Imposto de Renda deste ano, quando correntistas da Nossa Caixa tiveram de informar o código do Banco do Brasil. Mas não foram avisados antes.
Os correntistas da antiga Nossa Caixa não podem simplesmente aceitar as condições impostas pelo BB.
Devem ir aos gerentes e negociar condições mais favoráveis. E têm o direito de receber informações corretas, amplas e no tempo exato. A comunicação, aliás, não é o forte dessas fusões.
Por quê? Porque fusões não são feitas para melhorar a vida do consumidor. Não visam a um atendimento mais qualificado nem à ampliação de serviços.
O objetivo de reunir empresas como Nossa Caixa ao BB é cortar custos, otimizar o uso de agências e de empregados, enfim, melhorar o desempenho financeiro.
Quem perde, obviamente, é o cliente. Afinal, um correntista que já tem conta há anos em um banco acostumou-se a uma rotina. E as coisas mudam quando sua conta é vinculada a outro banco.
Brasil e mundo vivem uma onda de fusões, dentro da lógica de menos custo, mais lucro, menos serviço.
Mas o que devem fazer os correntistas que foram migrados para o BB se não conseguirem se fazer ouvir pelas gerências? Fazer um relatório das dificuldades e procurar, primeiramente, a ouvidoria do Banco do Brasil.
Se a situação persistir, ou surgirem novas reclamações, recorrer aos Procons ou à Justiça. É desgastante.
E, lamentavelmente, como na antiga propaganda do carro a álcool: fusões e aquisições, você ainda terá uma pela frente, goste ou não.


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