São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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commodities

Eike diz que encontrou "meia Bolívia" em gás no Maranhão

Segundo ele, reservas da OGX equivalem à metade do gás que é transportado pelo Gasbol

Especialistas afirmam que é necessário maior número de perfurações para estimar volume na bacia do Parnaíba


TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O empresário Eike Batista anunciou ontem que a OGX, empresa do grupo EBX, encontrou "meia Bolívia" em gás natural na bacia do Parnaíba, no Maranhão.
Segundo ele, o potencial das reservas pode chegar a 15 trilhões de pés cúbicos, o que levaria a uma produção de 15 milhões de metros cúbicos por dia, ao longo de 40 anos. O volume equivale a 25% da produção diária brasileira.
"É metade do que a Bolívia entrega para o Brasil pelo Gasbol", disse ele, referindo-se ao gasoduto que transporta diariamente 30 milhões de metros cúbicos de gás.
Em seguida, no entanto, ressaltou que essas são estimativas pessoais, e não do corpo técnico da empresa. "São números de Eike Batista. Pode ser necessária a realização de mais testes."
O anúncio de Eike gerou dúvidas e até uma certa desconfiança no mercado, ontem, sobre o real potencial das reservas, pois foi feita apenas uma perfuração no poço OGX-16, o primeiro da área a passar por testes.
A Folha apurou entre especialistas que, sem muitas perfurações, não é possível afirmar reservas de tamanha grandeza. Além disso, trata-se de um reservatório em terra, sem bacia profunda, o que limitaria o seu potencial.
Os reservatórios "offshore" da bacia de Campos têm 5 trilhões de pés cúbicos de gás. Já a bacia de Urucu possui 2 trilhões de pés cúbicos de gás. Nos reservatórios no Maranhão, Eike diz que podem ser encontrados até 15 trilhões de pés cúbicos.
"O Eike é um cara empreendedor, que sabe se comunicar bem com a mídia e com o mercado. Ele pode falar o que quiser, mas, tecnicamente, ainda é muito cedo para fazer uma estimativa como essa", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Ontem, durante conferência com a imprensa, o diretor-geral da OGX, Paulo Mendonça, disse que a Petrobras chegou a fazer perfurações na região há 30 anos, mas declarou, na ocasião, que os poços não eram comerciais.
"Hoje temos uma tecnologia de sísmica mais apurada e maior conhecimento", disse o executivo que foi funcionário da estatal.

GERAÇÃO
As reservas serão exploradas pela OGX, que entregará o gás para a MPX, também do grupo EBX, produzir energia elétrica em usinas movidas a gás natural.
A primeira termelétrica na região, segundo Eike, pode entrar em operação em dois anos. No final de julho, a MPX obteve licenciamento prévio para a implantação de usinas com capacidade de geração de 1.863 MW (megawatts). Com a nova descoberta, a companhia pretende dobrar esse volume.
O objetivo é construir as unidades em módulos de 100 MW a 140 MW cada um, para entrar em operação à medida que aumentar a demanda, que está garantida, na avaliação de Eike.
"O Brasil está crescendo muito e precisa de mais 4.000 MW por ano", afirmou.
As ações da OGX destacaram-se na Bovespa após o anúncio, fechando em alta de 2,5%, a R$ 18,75.
A empresa também anunciou ontem lucro líquido de R$ 57,8 milhões no segundo trimestre, revertendo prejuízo de R$ 177 milhões no mesmo período do ano passado.


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