|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
commodities
Eike diz que encontrou "meia Bolívia" em gás no Maranhão
Segundo ele, reservas da OGX equivalem à metade do gás que é transportado pelo Gasbol
Especialistas afirmam
que é necessário maior número de perfurações para estimar volume
na bacia do Parnaíba
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
O empresário Eike Batista
anunciou ontem que a OGX,
empresa do grupo EBX, encontrou "meia Bolívia" em
gás natural na bacia do Parnaíba, no Maranhão.
Segundo ele, o potencial
das reservas pode chegar a 15
trilhões de pés cúbicos, o que
levaria a uma produção de 15
milhões de metros cúbicos
por dia, ao longo de 40 anos.
O volume equivale a 25% da
produção diária brasileira.
"É metade do que a Bolívia
entrega para o Brasil pelo
Gasbol", disse ele, referindo-se ao gasoduto que transporta diariamente 30 milhões de
metros cúbicos de gás.
Em seguida, no entanto,
ressaltou que essas são estimativas pessoais, e não do
corpo técnico da empresa.
"São números de Eike Batista. Pode ser necessária a realização de mais testes."
O anúncio de Eike gerou
dúvidas e até uma certa desconfiança no mercado, ontem, sobre o real potencial
das reservas, pois foi feita
apenas uma perfuração no
poço OGX-16, o primeiro da
área a passar por testes.
A Folha apurou entre especialistas que, sem muitas
perfurações, não é possível
afirmar reservas de tamanha
grandeza. Além disso, trata-se de um reservatório em terra, sem bacia profunda, o
que limitaria o seu potencial.
Os reservatórios "offshore" da bacia de Campos têm 5
trilhões de pés cúbicos de
gás. Já a bacia de Urucu possui 2 trilhões de pés cúbicos
de gás. Nos reservatórios no
Maranhão, Eike diz que podem ser encontrados até 15
trilhões de pés cúbicos.
"O Eike é um cara empreendedor, que sabe se comunicar bem com a mídia e
com o mercado. Ele pode falar o que quiser, mas, tecnicamente, ainda é muito cedo
para fazer uma estimativa como essa", disse Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Ontem, durante conferência com a imprensa, o diretor-geral da OGX, Paulo Mendonça, disse que a Petrobras
chegou a fazer perfurações
na região há 30 anos, mas declarou, na ocasião, que os poços não eram comerciais.
"Hoje temos uma tecnologia de sísmica mais apurada
e maior conhecimento", disse o executivo que foi funcionário da estatal.
GERAÇÃO
As reservas serão exploradas pela OGX, que entregará
o gás para a MPX, também do
grupo EBX, produzir energia
elétrica em usinas movidas a
gás natural.
A primeira termelétrica na
região, segundo Eike, pode
entrar em operação em dois
anos. No final de julho, a
MPX obteve licenciamento
prévio para a implantação de
usinas com capacidade de
geração de 1.863 MW (megawatts). Com a nova descoberta, a companhia pretende dobrar esse volume.
O objetivo é construir as
unidades em módulos de 100
MW a 140 MW cada um, para
entrar em operação à medida
que aumentar a demanda,
que está garantida, na avaliação de Eike.
"O Brasil está crescendo
muito e precisa de mais
4.000 MW por ano", afirmou.
As ações da OGX destacaram-se na Bovespa após o
anúncio, fechando em alta
de 2,5%, a R$ 18,75.
A empresa também anunciou ontem lucro líquido de
R$ 57,8 milhões no segundo
trimestre, revertendo prejuízo de R$ 177 milhões no mesmo período do ano passado.
Texto Anterior: Automóveis: Após divulgar lucro de US$ 1,3 bi, executivo-chefe da GM renuncia Próximo Texto: Análise/Energia: Com demanda em alta, o etanol exige política clara de crédito Índice
|