São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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Vaivém

MAURO ZAFALON - mauro.zafalon@uol.com.br

Boa produtividade gera safra recorde nos EUA

Os dados de oferta e demanda de commodities divulgados ontem pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) não são muito animadores para os produtores brasileiros.
Mais uma vez, os norte-americanos obterão safras recordes de soja e de milho. A notícia boa é que a demanda, principalmente a da China, continua aquecida.
O esperado recorde de produção em 2010/11 provém da conjugação de aumento de área semeada e de elevação da produtividade, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural.
Esse aumento de produtividade compensa as regiões afetadas pelo excesso de chuva nas últimas semanas.
Siqueira, que está no Meio-Oeste dos EUA acompanhando a evolução das lavouras, diz que "o recorde não virá apenas se uma tragédia climática ocorrer na segunda quinzena deste mês".
"Há alguns problemas de excesso de chuva em Iowa e certa preocupação com o calor nos Estados do leste do Meio-Oeste. Se não chover nas próximas duas semanas, poderá haver perdas de produtividade nessas regiões: Illinois, Indiana e Ohio."
Por ora, no entanto, o potencial das lavouras é bom, diz a analista.
Se as condições de safra de milho e de soja vão bem, o mesmo não ocorre com as do trigo. Os dados do Usda referentes ao cereal apontam quebra de 18 milhões de toneladas na Europa e nos países que pertenciam à antiga União Soviética.
A redução de safra trouxe para baixo os estoques do produto, agora estimados em 175 milhões de toneladas nesta safra. As previsões do mês passado indicavam estoques de 187 milhões e, há um ano, de 194 milhões.
Lawrence Pih, do Moinho Pacífico, diz que o mercado já repassou essa queda de produção para os preços praticados nas Bolsas.

Pressão O peso das commodities na Bovespa é tão grande que as perspectivas negativas em torno da economia global, especialmente as vindas da China, acabam afetando esse mercado, diz Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO.

O peso Os papéis da Petrobras e da Vale somam 30% do mercado. Acrescentando as demais empresas de commodities, como as de grãos, carne etc., essa participação fica próxima de 50%.

Painel Dirigentes da Ubabef (União Brasileira de Avicultura) entregaram ontem ao Ministério das Relações Exteriores pedido de painel na OMC contra a nova legislação da União Europeia para carne fresca e preparações. As novas regras podem infringir acordos comerciais, segundo a entidade.

Custos A forte alta das commodities agrícolas na Rússia vai elevar os custos de produção das carnes. O Brasil deve ficar ainda mais competitivo no país.

Reação A reação dos preços nacionais do trigo continua lenta, apesar da acelerada alta no exterior. Oferta suficiente para a demanda de curto prazo e a aproximação da nova safra seguram os preços, segundo o Cepea.

Ambiente Os produtores baianos querem o fim do licenciamento ambiental para a atividade agrícola fornecido pelo Estado. Para os produtores, a atividade já obedece à legislação federal.

Melhor para todos A exigência é uma redundância", diz Sérgio Pitt, da Aiba, entidade que congrega produtores da Bahia. Alguns Estados, como São Paulo, não exigem a licença, diz ele.

Com KARLA DOMINGUES



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