São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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Venda de imóvel despenca no 1º semestre

Balanços divulgados por algumas das maiores construtoras mostram queda de até 26% de unidades negociadas

Por valorização imobiliária, volume com vendas não caiu; companhias defendem "demanda sustentável"

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Algumas das maiores construtoras do país venderam menos imóveis novos no primeiro semestre deste ano que no mesmo período de 2010. É o que mostram os balanços das empresas divulgados nesta semana.
A Rossi foi a que teve o maior percentual de redução (26%), seguida por Gafisa (22,1%), Cyrela (10,6%) e MRV (0,6%). A Tecnisa não informou os dados referentes a número de unidades.
Ontem, as ações da Rossi, Gafisa e Cyrela lideraram as baixas do Ibovespa, o principal índice da Bolsa do país.
Por causa da valorização imobiliária dos últimos 12 meses -que fez o preço do m² novo em bairros como Perdizes, zona oeste de SP, saltar 65%-, essa queda de unidades comercializadas não representou, para as companhias, redução do valor das vendas contratadas.
Mas é sinal de que a explosão imobiliária perdeu ritmo.
Reportagem da Folha mostrou, em julho, a diminuição da velocidade de venda de lançamentos residenciais em estandes montados em diversos bairros.
Agora, o número menor de negociações aparece nos resultados financeiros das construtoras.
"Já imaginávamos essa queda", disse José Florêncio Rodrigues Neto, vice-presidente financeiro da Cyrela.
"Mas é preciso considerar que o 1º semestre costuma ser mais fraco. Além disso, nosso objetivo é crescer de forma sustentável. O ritmo de expansão dos últimos anos não deve mesmo se manter."
João Crestana, presidente do Secovi (Sindicato da Habitação), aposta em uma "estabilidade de vendas" daqui para a frente, com o mercado mais acomodado.

ANO ATÍPICO
"Chegamos a uma 'velocidade de cruzeiro', voltando a índices históricos de venda -com até 30% do empreendimento total comercializado no 1º mês de lançamento e o restante vendido a um ritmo de 10% ao mês", diz.
"O ano passado foi atípico, com uma demanda muito reprimida que resultou em vendas aceleradas", completa.
Mas Ricardo Almeida, professor de mercados financeiros e avaliação de empresas do Insper, diz que "não se deve ter a falsa impressão de que o mercado brasileiro está saturado".
Na avaliação de Almeida, há faixas de renda e regiões -como classes C e D e Nordeste e Centro-Oeste- ainda com grande demanda.
"E, considerando que não estamos vendo retração do crédito imobiliário, esses são nichos a serem explorados, desde que as construtoras se estruturem para isso."
Essa análise pode ajudar a explicar por que a MRV, focada no segmento de residências econômicas, do Minha Casa, Minha Vida, teve uma queda de unidades vendidas bem mais suave que a concorrência (apenas 0,6%).


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