São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011

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'Fluxo migratório tem de ser livre como o de capitais'

DE SÃO PAULO

Por telefone, Ian Goldin conversou com a Folha sobre alguns pontos do livro. (NP)

Folha - Reino Unido, Cingapura e Emirados Árabes têm debatido cotas até para imigrantes de alta qualificação. É resposta à crise ou deve ser tendência no médio prazo?
Ian Goldin -
É uma resposta imediata, de curto prazo, à crise. Mas, principalmente no caso de trabalhadores qualificados, é contraproducente. O que essas economias têm para crescer é competir, com qualificados. Se não conseguem via educação local, têm de importar. E, mesmo que consigam, se pensam que seus cidadãos têm direito de migrar, têm de ser abertos. É como no comércio exterior, é preciso haver reciprocidade.

É curiosa a oposição ao livre fluxo de mão de obra quando o de comércio global, de comunicação e de capital cresce.
É muito contraditório. Economistas, especialmente os liberais clássicos baseados em Adam Smith e John Stuart Mill, ignoram que o movimento de mão de obra faz parte da teoria e não o defendem, embora defendam o livre fluxo de bens, serviços e capital. Há muita pressão política para reduzir o desemprego e é fácil culpar imigrantes, quando economistas não conseguem explicar por que esse tema é tão importante.

Por que a fuga de cérebros em países pobres não é tão ruim?
Vários estudos provam a "circulação de cérebros". Os que voltam contribuem de várias formas, via investimento, rede de contatos etc.
E há as remessas. A pergunta é: estariam empregados em casa? Se não há mais médicos ou engenheiros, é um problema. Mas, em alguns casos, porque os contribuintes pagaram pela educação desses médicos que agora favorecem outro sistema de saúde, recomendo que o país que os receba pague pela educação deles [ao país "emissor"].


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