DE BRASÍLIA

Em sua política de viés estatizante, o governo Lula tem utilizado estratégias financeiras variadas para capitalizar as estatais e driblar as restrições de caixa do Tesouro Nacional.
No segundo mandato, tornaram-se comuns operações como conversão de créditos em participações ou uso de ativos de determinadas empresas para aplicar em outras.
Ou operações heterodoxas, como a da Petrobras, na qual serão utilizados barris de petróleo a serem extraídos no futuro como recursos no presente.
Na Eletrobras, o governo utilizará o "adiantamento para futuro aumento de capital". O mecanismo implica uma troca da atual dívida da empresa com o Tesouro e com o BNDES.
"A vantagem da troca de ações é que não implica dinheiro novo", diz o diretor financeiro da Eletrobras, Armando Casado.
Com esses recursos, o Tesouro melhora o balanço da empresa, aumenta sua capacidade de alavancagem e garante sua fatia em futura oferta primária de ações.
Mas a ginástica financeira foi ainda mais longe ao usar ações da própria Eletrobras e de outras estatais que possuía em fundos setoriais para capitalizar o BNDES.
No Banco do Brasil, a estratégia foi utilizar o Fundo Soberano do Brasil para comprar R$ 1,7 bilhão em ações do banco. O volume representa 22% do total que o banco oferecerá ao mercado. No total, a participação do Tesouro poderá chegar a R$ 2,2 bilhões.
Já o BNDES é um capítulo à parte. Como o governo decidiu transformar o banco no financiador de grandes projetos, a saída foi repassar dinheiro à instituição para oferecer empréstimos ao setor privado.
Até aqui, essas operações totalizam R$ 180 bilhões. Elas têm um custo para o governo porque, para repassar os recursos ao BNDES, o governo emite títulos pelos quais paga uma remuneração maior que o custo cobrado pelo banco nos empréstimos.


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