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Brasileiro gasta até 70% mais em prestação de carro
Valor da parcela mensal passa de R$ 285 para R$ 484 nas famílias com renda de 3 a 10 salários mínimos
Renda maior, redução de juros e reajuste abaixo da inflação possibilitaram maior gasto com carro novo
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
Os brasileiros, principalmente os da nova classe média do país, já pagam até
70% mais em prestações
mensais para financiar a
compra de seu carro.
O valor das parcelas de
veículos adquiridos por famílias com renda de 3 a 10 salários mínimos passou de
R$ 285 mensais em 2003 para
R$ 484 ao mês em 2009.
É o que mostra levantamento feito a partir de dados
da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) do IBGE no
período de 2003 a 2009 pelo
instituto Data Popular, a pedido da Folha. Os valores estão deflacionados e atualizados para preços de hoje.
Nas famílias de classes A e
B, os gastos mensais com as
prestações também subiram:
51% e 65%, respectivamente.
"O mais importante é que
esse aumento no valor das
parcelas não compromete a
renda das famílias", afirma
Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo.
"Os reajustes salariais
concedidos no período foram
expressivos. O ganho real da
renda aliado ao aumento do
crédito permitiu a ampliação
dos gastos, principalmente
na classe C, que trocou o carro usado pelo novo."
Os dados da associação
comercial mostram que a
inadimplência do consumidor (pessoa física) tem caído.
A queda aconteceu mesmo com a entrada de novos
consumidores (que estão menos habituados a administrar o crédito), que acabam
registrando taxas de inadimplência um pouco superiores, avalia Solimeo.
"O consumidor tem de estar atento porque, além da
parcela de compra, há gastos
com documentos, seguro e
manutenção. Computados
esses gastos, a parcela mensal passa para R$ 657,50", diz
Renato Meirelles, sócio do
Data Popular.
A renda média dos domicílios cresceu 49,9% no período de junho de 2003 a agosto
deste ano, passando de
R$ 1.817 para R$ 2.724,04, segundo um estudo feito pelo
banco Santander.
No mesmo período, o preço do carro novo aumentou
12,19% -percentual menor
que o dos demais itens que
compõem o IPCA, que cresceu 43,85%.
JUROS
A redução de juros mensais é um dos principais fatores para que o brasileiro possa adquirir um carro novo,
segundo Luiza Rodrigues,
autora do estudo.
A taxa média para a linha
de crédito "aquisição de bens
- veículos" informada pelo
Banco Central passou de
3,2% ao mês para 1,8% ao
mês nesse período.
"A combinação de aumento de renda, alongamento
nos prazos de financiamento, que passaram de 60 meses (em 2003) para 72 meses
(em 2010), e redução do valor
das parcelas de financiamento tem permitido que mais
consumidores da classe C
passem a comprar veículos
no país", diz a economista.
A partir de dados de renda
e orçamento das famílias, o
banco fez uma projeção que
mostra que, em relação a
2003, 14,2 milhões a mais de
domicílios têm condições de
comprar um carro novo.
Para isso, foram consideradas famílias sem carro,
sem renda comprometida
com financiamento e com capacidade de gastar até 30%
do rendimento.
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