São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Agência oferece bolsa para curso de piloto

Desde 2008, a Anac já investiu R$ 5 milhões na formação de 347 profissionais para os setores privado e comercial

Para a agência, hoje não há falta de mão de obra no mercado brasileiro; crescimento do setor deve se estabilizar

DE SÃO PAULO

Ramon Mendes Pereira, 25 anos, já vendeu bala no sinal, foi office boy de uma confecção do Bom Retiro e caixa de farmácia.
Hoje ele é agente de aeroporto da TAM, responsável pelo despacho de passageiros no embarque. Seu sonho é ser piloto. "Eu me encantei com esse negócio de voar."
Formado em administração com a ajuda da dona da confecção, ele já tirou brevê de piloto privado (amador) -formação que custa em torno de R$ 14 mil.
Sem recursos para bancar a licença de piloto comercial (R$ 35 mil), ele frequenta curso de DOV (despachante de operação de voo). "Com o salário maior de DOV, quero pagar o curso de piloto comercial", diz ele.
Responsável por auxiliar o piloto antes do voo fornecendo informações sobre carga e performance da aeronave, o DOV ganha entre R$ 3.000 e R$ 5.000.
Para se habilitar, basta o ensino médio e um curso técnico. Mas a profissão é pouco conhecida. De janeiro a novembro, a Anac emitiu apenas 52 habilitações.
O crescimento de 25% do setor em 2010 pegou as empresas desprevenidas. No final do ano passado, a expectativa era de um crescimento de 8,5% para o setor.
"O planejamento teve de ser refeito e o problema é que a maior parte das funções requer curso especializado, e essa formação leva tempo", diz Ronaldo Jenkins, diretor técnico do Snea.
Para estimular pessoas como Pereira, que não têm condições de arcar com altos custos das horas de voo necessárias para a formação, a Anac está oferecendo bolsas que cobrem 75% dos gastos.
Desde 2008, a agência investiu R$ 5 milhões para formar 347 pilotos privados e comerciais. A Anac também está investindo em mecânicos de avião. Até o final de 2011, 914 mecânicos chegarão ao mercado, ao custo de R$ 1,8 milhão.
"Hoje não tem falta de piloto ou de outros profissionais da aviação. Se vai faltar, dependerá do ritmo de crescimento", diz Paulo Henrique de Noronha, superintendente de capacitação da Anac. "Hoje estamos crescendo muito. Mas esse ritmo deve se estabilizar."
O Brasil possui 5.470 pilotos de linha aérea habilitados. Só na TAM e na Gol, que dominam mais de 80% do mercado, são 3.949. Há ainda de 500 a 600 no exterior.
Neste ano foram emitidas 1.069 licenças de piloto, sendo cerca de dois terços de piloto comercial e o restante de linha aérea.
Se há uma categoria em que não falta gente é a de comissário. Para servir lanche a bordo, basta o ensino médio e um curso de cinco meses.
Ingrid Lima, 20, não tem ilusões quanto à (velha) fama de glamour da profissão. Frequenta um curso de comissário pensando em um salário melhor do que o que ganha conferindo exames de laboratório. (MARIANA BARBOSA)


Texto Anterior: Anac quer acelerar formação de pilotos
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.