São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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Lucro do celular clandestino chega a 65%

Margem líquida do mercado oficial, que é de 55%, tem que ser dividida entre fabricante, distribuidor e revendedor

Indústria paralela surgiu há cinco anos na região de Shengzhen; perdas no mundo são de US$ 120 bilhões por ano

DE SÃO PAULO

O Brasil também se tornou um dos polos do contrabando de celulares porque, no país, esse negócio garante lucros elevados.
Estima-se que um lojista desse "ramo" fature mensalmente R$ 80 mil e registre lucro líquido de 65% na venda de smartphones clandestinos e de 57% para os celulares mais simples.
No mercado oficial, a margem de lucro costuma ser de 55%, mas ela é dividida entre fabricantes, distribuidores e revendedores.
A diferença se explica pelo não pagamento de impostos pela venda de aparelhos clandestinos que entram no país custando, no máximo, US$ 40 para o lojista.
O preço muda de acordo com a categoria do telefone. Há os "clones", que copiam o design dos modelos originais (as funcionalidades são diferentes); os "piratas", que levam ilegalmente a marca da fabricante original; os de marca disfarçada, como o Hi-Phone; e as miniaturas, como o N95 mini, que reduziu o original da finlandesa Nokia.
Institutos de pesquisa de mercado afirmam que esse mercado paralelo surgiu há cerca de cinco anos na região industrial de Shengzhen, na China. Com a disponibilidade de insumos a preço baixo, as oficinas de montagem de celular proliferaram.
Esse negócio cresceu e passou a incomodar até mesmo fabricantes chineses de médio porte que operam seguindo a legislação do país.
Levantamento do Gartner mostra que a "indústria paralela" já espalha no mundo o equivalente a 20% de toda a comercialização anual de celulares originais.
As perdas para o comércio oficial seriam da ordem de US$ 120 bilhões por ano.

CONTROLE
Embora não discrimine os eletrônicos apreendidos, a Receita Federal confirma que houve um aumento expressivo da quantidade de celulares clandestinos chineses nos últimos anos.
Segundo o superintendente adjunto do Fisco em São Paulo, Marcos Fernando Prado de Siqueira, mais da metade dessas mercadorias contrabandeadas no país têm São Paulo como destino.
"O porto de Santos e os aeroportos de Viracopos, em Campinas, e de Guarulhos são as principais portas de entrada", diz Siqueira.
Ainda segundo ele, por mais que se invista em fiscalização, esse não é um problema exclusivo do Brasil. "Não há como cobrir tudo", diz. "E há mercadorias desse tipo em diversos países."
Para fechar mais o cerco contra a entrada de contrabando pelas aduanas, a Receita está desenvolvendo um programa de computador que conseguirá "tomar decisões" de fiscalização automaticamente diante das informações de cada contêiner desembarcado.
Esse programa será abastecido pelas informações coletadas pelas equipes de inteligência do Fisco.
A estreia do sistema de inteligência artificial está prevista para este ano.
(JULIO WIZIACK e CAMILA FUSCO)


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