São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Casa no campo ou na praia, a alegria de ter e de vender

José e Maria estão exultantes! Realizaram um sonho que acalentaram durante um bom tempo, que é o de ter uma casa no campo, tranquila, um refúgio da agitação da cidade grande onde moram.
Planejaram e escolheram direitinho a região para que o deslocamento entre a cidade e o campo pudesse ser feito em um tempo razoável.
Maria tem horror aos grandes congestionamentos que se formam nas estradas, especialmente nos feriados e no período de férias.
Tudo tem de ser perfeito para não estragar o prazer dessa escapada.
O casal investiu cerca de R$ 120 mil na compra de uma pequena chácara, em um condomínio a cerca de uma hora de distância da cidade.
A escolha pelo condomínio foi feita considerando que não queriam se preocupar com a chácara nos períodos em que não estivessem lá. Uma churrasqueira para todos e uma piscina para as crianças, além de muito verde, completam o cenário.
Pintar, mobiliar e equipar, com o toque pessoal da família, custou outros R$ 10 mil, e puderam finalmente inaugurar a casa, em um belo domingo ensolarado, com a presença de familiares e amigos, convidados para compartilhar da alegria de Maria e de José.
Durante meses eles cumpriram o agradável ritual de passar todos os finais de semana na casa de campo. Mesmo nos dias mais frios e chuvosos a diversão estava garantida. A casa tinha lareira e um forno de pizza, além da churrasqueira, assegurando atividade e lazer para todos. A disputa pelas redes, dispostas na varanda, era grande nos dias de chuva.
Com o passar do tempo as crianças cresceram e a agenda de compromissos delas, adicionadas aos compromissos que Maria e José tinham na cidade, se tornou uma restrição importante -e a casa de campo já não era mais a prioridade da família.

CONTAS
Foi nesse período que José começou a fazer as contas, com outros olhos, e percebeu o custo elevado de manutenção daquela casa.
A taxa de condomínio é de R$ 300 e inclui a utilização da água. Energia, mais R$ 30.
O sr. Pedro mantém a piscina limpa e cuida do jardim, deixando a grama e a cerca viva sempre aparadas. A filha do sr. Pedro faz uma limpeza semanal e deixa a casa sempre acolhedora para receber a família. Custo de um salário mínimo, na faixa de R$ 545.
Despesas com manutenção, IPTU e seguro comprometem cerca de R$ 3.000 por ano do orçamento de José, cerca de R$ 250 por mês.
Quando totalizou as despesas, José se assustou com os R$ 1.125 mensais.
José começou a refletir se faz sentido alocar uma fatia tão significa do orçamento da família para um fim que não tem mais o mesmo significado e importância que teve no passado.
Pensou mais: se vendesse a casa pelo mesmo valor de compra, adicionando as melhorias, teria um capital de R$ 130 mil para investir. Depositado na poupança, com rendimento líquido estimado em 0,6%, receberia juros de R$ 780 todos os meses.
Quando José somou o valor de R$ 1.125 relativo ao custo mensal da casa aos R$ 780 que o capital hoje imobilizado no imóvel poderia gerar, chegou a R$ 1.905 mensais.
Maria, que está começando a gostar da ideia de ser hóspede, e não dona da casa, foi rapidamente convencida de que com apenas parte desse dinheiro eles podem se hospedar em pousadas no campo e na praia, dois finais de semana por mês, e poupar o restante para outro objetivo que gere para a família a mesma alegria que a casa de campo já gerou um dia.
A casa de campo de José e Maria está à venda.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.


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