São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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PERFIL

Com 51 anos, Neeleman já criou 4 companhias

DE SÃO PAULO

O sucesso da Azul tem gosto de vingança para seu fundador, David Neeleman, americano nascido no Brasil. Há quatro anos, feriado de São Valentim, quando uma tempestade paralisou a JetBlue nos EUA, ele entrou em confronto com os acionistas e acabou demitido da empresa que criou.
"O conselho queria que eu desaparecesse. Agora, eles têm sempre que ler sobre o David [ele não sai das páginas das revistas de negócios nos EUA]", diz Neeleman, 51, com seu português aprendido durante os dois anos em que viveu no Nordeste, como missionário mórmon, aos 19.
"Quando uma porta fecha, outras se abrem. Na Azul tem 3.000 pessoas e 7 milhões de clientes felizes por eu estar aqui."
Filho de um jornalista americano correspondente no Brasil nos anos 60, David viveu até os 5 anos em São Paulo. A Azul é sua quarta empresa aérea.
Aos 34, vendeu a primeira, Morris Air, para a Southwest. Virou empregado, mas queria continuar fazendo as coisas do seu jeito.
Com cinco meses foi demitido pelo presidente da Southwest, Herb Kelleher, que hoje o chama de "gênio empreendedor".
Para consolá-lo após a demissão, ganhou da mãe um livro sobre transtorno de deficit de atenção. "Não li, mas tinha uma parte com 21 itens que definem quem tem TDA. Me identifiquei."
Por contrato, teve que ficar cinco anos afastado da aviação nos EUA. Matou o tempo criando uma empresa no Canadá. Findo o prazo, foi para Nova York criar a JetBlue. Estava decidido a não ter patrão. Mas, após lançar as ações da JetBlue na Bolsa de Nova York, ganhou acionistas.
Presidia o conselho da JetBlue -então a aérea mais admirada dos EUA- quando foi demitido. A nevasca foi a gota d'água em uma queda de braço com o principal executivo, avesso a interferências.
Na Azul, mantém contato com os passageiros. Na empresa, em Alphaville, dá palestras de boas-vindas a novos funcionários. "Ele cobra muito e exige resultados rápidos", diz Miguel Dau, vice-presidente operacional da Azul. "Mas é muito educado e bem humorado."
Casado, pai de 9 filhos, passa três semanas por mês no Brasil. Orgulhoso da nova cria, não esconde o desejo de reconquistar a América. "A JetBlue é a minha empresa. Gostaria de voltar a fazer parte dela. Tenho só 50 anos e me sinto com 30. Quem sabe o que vai acontecer daqui a 10, 20?"
(MB)


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