São Paulo, sábado, 14 de maio de 2011

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CRÍTICA TEORIA ECONÔMICA

China chegará ao topo, mas os EUA retomarão liderança

Livro apresenta 12 tendências que poderão transformar a economia global

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

A China vai se tornar a maior economia do mundo, mas será por pouco tempo, pois os EUA vão rapidamente retomar a liderança. A União Europeia vai se desintegrar porque a política econômica comum não é sustentável. A onda de regulamentação que se seguiu à crise de 2008 vai criar um enorme mercado financeiro paralelo.
É com essas previsões, muitas vezes contra-intuitivas, que Daniel Altman -um ex-jornalista da revista "Economist" e que hoje é professor de economia na Universidade de Nova York- desenha o futuro econômico nas próximas décadas, no livro "O Futuro da Economia: As 12 Tendências que vão Transformar a Economia Global.
Notadamente pessimista, o autor se sai melhor quando fala dos riscos para o crescimento mundial. Ele questiona a euforia em torno do avanço dos Brics e da inescapável liderança chinesa. "A China ficará mais rica nos próximos anos. Mas, em seguida, empobrecerá de novo e perderá o título de maior economia do mundo, apenas poucos anos depois de arrebatá-lo dos EUA".
Isso porque, com a política do filho único, a China se transformou no país com processo de envelhecimento mais rápido do mundo. Já os EUA crescem com maior rapidez tanto em população como em produtividade dos trabalhadores. "Os investidores que consideram ilimitado o potencial de crescimento da China ficarão muito desapontados", escreve.
Outro alvo de previsão pessimista de Altman é a UE, cuja unidade econômica vai começar a se desintegrar, ele diz. A moeda única, o euro, engessa a política monetária dos países -por exemplo, apesar da crise de 2008, a economia grega expandiu-se em 2,9% e a inflação bateu em 4% . Na Itália, em contrapartida, houve contração de 1%. Mas a Itália não podia usar política monetária para estimular sua economia, nem a Grécia para esfriar e conter a inflação ao adotar o euro, elas delegaram isso para o Banco Central Europeu.
Entre os riscos para o futuro da economia mundial, Altman vislumbra o surgimento de um sistema financeiro paralelo, para escapar da onda de regulamentação que veio em resposta à crise de 2008.
A nova regulamentação em estudos exigiria que bancos e fundos de hedge divulgassem grande parte de suas posições. Esses fundos simplesmente migrariam para os países que não adotarem as regras e se transformarão na espinha dorsal de um sistema financeiro paralelo.
Já nas oportunidades, suas previsões são mais controversas. Para Altman, o colapso lento da OMC (Organização Mundial do Comércio) na realidade não vai atravancar o comércio, mas estimulá-lo. Haverá competição entre os países para formarem blocos e fecharem acordos, sem risco do veto de algum país anular o processo, como ocorre na OMC.
Altman não leva em conta, por exemplo, a teoria da "tigela de espaguete", do professor indiano Jagdish Bhagwati -o emaranhado de acordos bilaterais e regionais acaba dificultando o comércio, pela confusão de regras de origem, preferências negociadas bilateralmente e regulamentações.

O FUTURO DA ECONOMIA

AUTOR Daniel Altman
EDITORA Campus Elsevier
QUANTO R$ 65 (272 págs.)
AVALIAÇÃO Bom


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