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Tanure anuncia o fim do "JB" impresso
Em longa agonia financeira, centenário "Jornal do Brasil" terá conteúdo só na internet a partir de setembro
Nelson Tanure, que arrendou "JB" por 60 anos em 2001, fracassou com "Gazeta Mercantil", JBTV e revista "Forbes"
ELVIRA LOBATO
DO RIO
O "Jornal do Brasil" publica hoje um comunicado aos
leitores anunciando o fim de
sua edição impressa, a partir
do dia 1º de setembro. Seu
conteúdo, a partir de então,
ficará disponível apenas na
internet, com preço de assinatura de R$ 9,90 por mês.
O fim do "JB" impresso
abalou o comando da empresa. O presidente do jornal,
Pedro Grossi Jr., discordou
da decisão e não apareceu na
Redação ontem, apesar de o
empresário Nelson Tanure,
arrendatário da marca JB, negar que o tenha demitido.
O "Jornal do Brasil" vem
de longa crise financeira,
agravada por passivos fiscais
e trabalhistas herdados dos
antigos gestores, mas o comunicado de Tanure tenta
desvincular a modificação da
situação de crise. O texto diz
que o jornal fez uma consulta
eletrônica aos leitores no último mês e que eles apoiaram
a mudança.
""O "JB" vai sair do papel. E
entrar para a modernidade",
diz o texto, encaminhado à
Folha por Nelson Tanure. O
comunicado diz que os leitores economizarão R$ 40 por
mês ao trocarem a assinatura mensal do jornal impresso, de R$ 49,90, pela assinatura do portal.
CIRCULAÇÃO EM QUEDA
A Folha apurou que a migração vai provocar corte de
pessoal. O "JB" tem 180 funcionários, 60 dos quais na
Redação. A família Nascimento Britto, dona da marca
e antiga proprietária do "JB",
disse não ter informação sobre o projeto de Tanure.
O jornal tinha uma circulação diária de 76 mil exemplares quando passou para Tanure. Em 2003, iniciou um
caminho de recuperação,
chegando a 100 mil exemplares em 2007, para novamente
entrar em rota de queda.
Em março deste ano,
quando a circulação estava
em 20.941 exemplares, Tanure contratou Pedro Grossi Jr.
para administrar o jornal.
Já circulava a informação
de que Tanure iria acabar
com o jornal impresso. No último dia 28, Nelson Tanure
confirmou a intenção a Pedro
Grossi, que começou a articular um meio de manter o jornal impresso.
Estudou-se transferir o
contrato para outra empresa,
blindada contra as ações trabalhistas e fiscais remanescentes. O negócio foi desaconselhado porque a Justiça
tem considerado que os novos donos são sucessores na
dívida.
FORA DA MÍDIA
O fim do "JB" impresso será também o fim da experiência de Nelson Tanure como
empresário de mídia. Ele disse à Folha que não quer mais
atuar nesse setor e que vai se
concentrar em telecomunicações.
Ele tem 5,15% da TIM Participações (subsidiária da Telecom Italia, que atua em telefonia celular, telefonia fixa
local e de longa distância).
Tanure só acumulou fracassos em suas incursões na
mídia. Em 2002, comprou os
direitos de publicação da revista "Forbes", no Brasil. Um
ano depois, a "Forbes" rompeu o contrato.
Em 2003, arrendou o jornal econômico "Gazeta Mercantil", que, como o JB, acumulava grande passivo. O
jornal deixou de funcionar
no ano passado, e a marca foi
devolvida ao antigo dono.
Em 2007, Tanure lançou a
JBTV, que durou seis meses.
Ainda arrendou a Editora
Peixes, que também voltou
para os antigos donos. Ele diz
que perdeu todo o investimento que fez no "JB".
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