São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2010

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commodities

Argentina dobra mistura de biodiesel ao óleo diesel

País usa hoje 5%, passará para 7% em dois meses e a 10% até dezembro

Objetivo da medida é substituir a importação de óleo diesel, usado por 28% dos veículos e em centrais elétricas

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

A Argentina decidiu dobrar até o fim de 2010 a fração de biodiesel que deve ser misturada ao óleo diesel derivado de petróleo que abastece a frota veicular do país.
Conforme anúncio do Ministério do Planejamento local, a fração obrigatória atual de 5% passará a 7% em dois meses e a 10% até dezembro.
O principal objetivo da medida é substituir as importações de óleo diesel, usado por 28% dos veículos e em centrais elétricas.
O espaço que será ocupado pelo biocombustível na matriz energética praticamente dispensará as compras do combustível fóssil, que chegavam a 800 mil toneladas anuais.
Outra intenção do governo é aumentar o consumo interno de óleo de soja, matéria-prima usada na fabricação do biodiesel argentino.
Maior exportador de óleo de soja do mundo, o país hoje é refém da demanda externa, principalmente da China.
Há dois meses, os chineses deixaram de comprar óleo por supostas irregularidades fitossanitárias, o que gerou retenção do produto no país.
O bloqueio foi interpretado como represália ao protecionismo argentino nos manufaturados e está sendo debatido entre os governos.
Analistas divergem ao avaliar a disputa. Parte acredita que os chineses querem concentrar o processamento da soja internamente e manterão barreiras ao óleo.
Outros veem uma solução próxima e interpretam a política argentina pró-biodiesel por outro ângulo.
"O principal efeito dessa medida [que aumenta a fração de biodiesel] é a redução dos gastos do governo no setor energético. O óleo diesel trazido de fora custa muito e pesa no bolso do governo, que subsidia as compras", afirma Carolina Schusf, da consultoria Abeceb.

MENOS EXPORTAÇÕES
Com o aumento da demanda interna por biodiesel, estima-se que o setor movimentará US$ 1,5 bilhão no país.
Hoje, 19 empresas abastecem a cota nacional estabelecida pelo governo, que regulamentou o setor em março deste ano.
O preço interno, fixado pelo Estado, é favorável em relação à cotação internacional e beneficia principalmente médias e pequenas empresas de capital argentino, segundo Carlos St. James, presidente da Câmara Argentina de Energias Renováveis.
Apenas duas empresas são estrangeiras.
Com a ampliação da fração de biodiesel de 5% para 10%, a tendência é que se reduzam as exportações.
Hoje, o país produz 2,4 milhões de toneladas anuais de biodiesel, consome um terço e vende o restante à Europa.
No Brasil, a lei exige desde 2008 que se misture 2% de biodiesel ao óleo diesel derivado de petróleo. Até 2013, a intenção é passar para 5%.


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