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commodities
Argentina dobra mistura de biodiesel ao óleo diesel
País usa hoje 5%, passará para 7% em dois meses e a 10% até dezembro
Objetivo da medida é substituir a importação de óleo diesel, usado
por 28% dos veículos
e em centrais elétricas
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
A Argentina decidiu dobrar até o fim de 2010 a fração
de biodiesel que deve ser
misturada ao óleo diesel derivado de petróleo que abastece a frota veicular do país.
Conforme anúncio do Ministério do Planejamento local, a fração obrigatória atual
de 5% passará a 7% em dois
meses e a 10% até dezembro.
O principal objetivo da medida é substituir as importações de óleo diesel, usado
por 28% dos veículos e em
centrais elétricas.
O espaço que será ocupado pelo biocombustível na
matriz energética praticamente dispensará as compras do combustível fóssil,
que chegavam a 800 mil toneladas anuais.
Outra intenção do governo
é aumentar o consumo interno de óleo de soja, matéria-prima usada na fabricação
do biodiesel argentino.
Maior exportador de óleo
de soja do mundo, o país hoje
é refém da demanda externa,
principalmente da China.
Há dois meses, os chineses
deixaram de comprar óleo
por supostas irregularidades
fitossanitárias, o que gerou
retenção do produto no país.
O bloqueio foi interpretado como represália ao protecionismo argentino nos manufaturados e está sendo debatido entre os governos.
Analistas divergem ao
avaliar a disputa. Parte acredita que os chineses querem
concentrar o processamento
da soja internamente e manterão barreiras ao óleo.
Outros veem uma solução
próxima e interpretam a política argentina pró-biodiesel
por outro ângulo.
"O principal efeito dessa
medida [que aumenta a fração de biodiesel] é a redução
dos gastos do governo no setor energético. O óleo diesel
trazido de fora custa muito e
pesa no bolso do governo,
que subsidia as compras",
afirma Carolina Schusf, da
consultoria Abeceb.
MENOS EXPORTAÇÕES
Com o aumento da demanda interna por biodiesel, estima-se que o setor movimentará US$ 1,5 bilhão no país.
Hoje, 19 empresas abastecem a cota nacional estabelecida pelo governo, que regulamentou o setor em março
deste ano.
O preço interno, fixado pelo Estado, é favorável em relação à cotação internacional
e beneficia principalmente
médias e pequenas empresas
de capital argentino, segundo Carlos St. James, presidente da Câmara Argentina
de Energias Renováveis.
Apenas duas empresas
são estrangeiras.
Com a ampliação da fração
de biodiesel de 5% para 10%,
a tendência é que se reduzam
as exportações.
Hoje, o país produz 2,4 milhões de toneladas anuais de
biodiesel, consome um terço
e vende o restante à Europa.
No Brasil, a lei exige desde
2008 que se misture 2% de
biodiesel ao óleo diesel derivado de petróleo. Até 2013, a
intenção é passar para 5%.
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