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Lula avalia deixar capitalização da Petrobras para depois das eleições
Governo teme que um eventual insucesso afete o desempenho de Dilma Rousseff nas urnas
Presidente não está satisfeito com projeção do mercado que estipula entre US$ 5 e US$ 6 o valor do barril da União
KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva avalia a possibilidade de adiar a capitalização da Petrobras para depois
do resultado final da eleição
presidencial.
Segundo a Folha apurou,
Lula passou a considerar esse o cenário mais provável.
Tem pesado mais na cúpula do governo a avaliação de
que seria mais conveniente
política e economicamente
fazer essa capitalização somente depois de decidido
quem será seu sucessor.
Há ainda outro obstáculo.
O presidente está insatisfeito
com a avaliação do mercado
de que cada barril que a
União dará à Petrobras na capitalização seja cotado entre
US$ 5 e US$ 6.
Lula acha esse valor baixo
e já disse à Petrobras e aos
consultores que estipularão
o preço do barril que só aceitará um valor superior. Do
contrário, poderia inviabilizar a capitalização.
A União dará 5 bilhões de
barris como sua parte na capitalização da empresa. Um
preço mais alto significa
mais ações. Um preço mais
baixo, menos. Interessa à Petrobras um preço menor. E
partem da estatal as pressões
para uma capitalização o
mais cedo possível.
No entanto, cresce no governo a corrente que defende
deixar todos os assuntos polêmicos para depois das eleições. Agora, com a entrada
da campanha em sua fase decisiva, com o início do horário eleitoral gratuito na próxima terça-feira, o governo
quer evitar riscos.
Considera que a candidata
do PT, Dilma Rousseff, chegou em vantagem a essa etapa e não quer criar ameaça a
essa dianteira.
Se a eleição for decidida no
primeiro turno, como Lula
acha que será, a capitalização aconteceria em outubro.
A data da primeira fase da
eleição é 3 de outubro.
Se a disputa ficar para o segundo turno, em 29 de outubro, a capitalização ocorreria
em novembro.
MEDO DE INSUCESSO
A capitalização da Petrobras é uma das principais
medidas da exploração do
pré-sal, projeto em que Dilma esteve diretamente envolvida quando ministra-chefe da Casa Civil.
Um eventual insucesso da
capitalização em setembro
poderia afetar sua campanha
e diminuir a possibilidade de
vitória no primeiro turno, cenário com o qual trabalha o
presidente da República.
Nas palavras reservadas
de um ministro, decisões do
porte da capitalização da Petrobras agradam a setores,
mas desagradam a outros.
Mais: na hipótese de vitória de Dilma, os investidores
nacionais e estrangeiros fariam a leitura de que a exploração do pré-sal ganhará fôlego, o que daria mais chance
de sucesso à capitalização da
Petrobras.
Pesam a favor do adiamento incertezas econômicas, como a crise europeia e
alguns senões do mercado
em relação à capitalização.
Para uma ala do governo,
a definição política com a
eleição do novo presidente
ajudaria a dissipar as dúvidas do mercado.
No cenário de vitória do
candidato do PSDB, José Serra, ou de outro nome de oposição, haveria incerteza sobre o modo como a nova administração federal conduziria a exploração do pré-sal.
Nessa hipótese, de perda
de poder, Lula acha que seria
legítimo que o novo presidente decidisse como pretende encaminhar a exploração.
Outro fato que pode atrasar a capitalização é a decisão da Procuradoria da República no Distrito Federal
de abrir um procedimento
preliminar para averiguar o
preço de venda, para a Petrobras, dos 5 bilhões de barris
de petróleo. Pode ser o primeiro passo para levar o assunto à Justiça.
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