São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2010

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PIB da Europa cresce puxado por retomada alemã

Países da zona do euro crescem 1% no 2º trimestre em relação ao primeiro, maior crescimento em 4 anos

Grande exportadora para emergentes como a China, Alemanha cresce 2,2%; países do sul continuam estagnados


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O conjunto dos 16 países que usam o euro como moeda cresceu 1% no segundo trimestre deste ano na comparação com o primeiro.
Foi o maior crescimento em quatro anos e superou a expectativa dos analistas.
A principal responsável é a Alemanha, maior economia do continente, que cresceu 2,2% (mais alto percentual desde a unificação do país, há quase 20 anos).
Já as nações do sul, aquelas que apresentam mais problemas com dívidas, outra vez decepcionaram.
A Espanha cresceu só 0,2% na comparação entre o segundo trimestre e o primeiro. Se for confrontado o PIB (conjunto de riqueza de um país) de agora com o de um ano atrás, houve queda de 0,2%.
Portugal cresceu também apenas 0,2%, mas houve uma forte desaceleração, uma vez que o país havia crescido 1,4% no primeiro trimestre. Na Itália, houve estabilidade -0,4% de crescimento neste trimestre-, mesma porcentagem do anterior.
Em pior situação está a Grécia, um dos únicos países da zona do euro que continuam em recessão. Sua economia encolheu 1,5% no trimestre ou 3,5% se a comparação for anual.
Essa disparidade entre os países acabou derrubando as Bolsas pelo continente. Persiste o medo de que as chamadas nações periféricas (Grécia, Portugal, Irlanda e, em menor grau, a Espanha) não consigam se recuperar e honrar suas dívidas.
Há também a preocupação de que esse crescimento tenha como combustível fatores sazonais, como por exemplo a recuperação de estoques e a retomada da construção civil após o inverno, o que não deve se repetir daqui para a frente.
Existe ainda outro temor: que a boa fase atual esteja lastreada demais nas exportações, que se beneficiaram da queda do euro frente ao dólar desde o início do ano.
De janeiro a maio, as exportações europeias para a China cresceram 42%, o que fez daquele país o segundo mercado para a Europa, só atrás do EUA.
EUA e China deram sinais de que podem reduzir seu crescimento no segundo semestre, e isso assombra as economias europeias.
Outro fantasma sobre o continente é o corte de gastos anunciado por quase todos os governos para reduzir seus deficit. Com menos gastos governamentais, há expectativa de menos emprego e consumo.

EXCEÇÃO ALEMÃ
Os números divulgados ontem explicitaram mais uma vez a diferença entre a Alemanha e os demais países do bloco.
Ao contrário do que acontece nos vizinhos, lá o desemprego cai e a balança comercial apresenta superavit, graças, mais uma vez, às exportações para China, EUA e países emergentes.
A Alemanha é um dos maiores fornecedores de máquinas para a China.
Isso faz aumentar a sensação entre os alemães de que eles sustentam o continente.
Muitos acreditam que a economia da Grécia está em frangalhos porque os gregos não gostam de trabalhar, sonegam impostos e preferem viver às custas do Estado.


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