São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Consultoria vai fazer turnê pró-África

Empresa pesquisa planos de plantio e logística mais adequados e irá apresentá-los a investidores no início de 2012

Regime de concessão de terra, comum no continente, alavanca projetos, afirma diretor da GV Agro

DE SÃO PAULO

A GV Agro vai iniciar no ano que vem um "road show" para atrair agricultores para produzir em países como Moçambique, Senegal, Libéria, Zâmbia, Guiné Conacri e Guiné Bissau.
A consultoria está fazendo levantamentos em países com grande potencial de produção agrícola na África e na América Central, no chamado "Cinturão Tropical".
Os consultores estão pesquisando quais plantios são mais adequados, pontos de escoamento e logística. Com esses dados, vão fazer um "road show" para investidores privados, especialmente brasileiros, no início de 2012.
"Queremos atrair agricultores para produzir nesses países, que são as novas fronteiras agrícolas", diz Cléber Guarani, coordenador de projetos da GV Agro, braço de projetos agroindustriais da GV Projetos.
Em muitos desses países da África, há regime de concessão de terras. "As concessões alavancam o projeto, porque eliminam a necessidade de um investimento inicial grande em compra de terra", afirma Guarani.
Segundo ele, essa é uma forma de expandir as vendas do pacote tecnológico brasileiro. Governos locais dão benefícios fiscais para importar máquinas e equipamentos. "E é natural que o BNDES financie a compra de equipamentos brasileiros", diz.
Em Moçambique, por exemplo, a GV atua com o projeto Pro-Savana para atrair os investidores privados. A Embrapa treina técnicos moçambicanos e adapta sementes brasileiras. E a Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão) está financiando melhorias de infraestrutura na região.
"Interessa-nos ter brasileiros em Moçambique produzindo, porque temos grande deficit de alimentos", diz o embaixador de Moçambique no Brasil, Murade Murargy.
A inspiração é o Prodecer (Programa de Cooperação Japão-Brasil para o Desenvolvimento dos Cerrados), que nos anos 70 ajudou o cerrado a se tornar uma das regiões agrícolas mais produtivas.
"Antes disso, se dizia: 'o cerrado, nem dado, nem herdado', lembra o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp.
"Moçambique pretende ser uma réplica do Prodecer", diz Marco Farani, diretor da ABC (Agência Brasileira de Cooperação). "Queremos estimular os produtores brasileiros a ir para lá e aproveitar a tecnologia que estamos desenvolvendo."
Rodrigues ressalta a dimensão geoestratégica da expansão do agronegócio brasileiro na África. "A China está lá, mas para extrair riquezas; nós podemos transferir tecnologia agrícola, dentro de uma estratégia para sermos líderes em economia verde." (PATRÍCIA CAMPOS MELLO)


Texto Anterior: Moçambique oferece terra à soja brasileira
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.