São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2010

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OPINIÃO

Registro no Renavam vai valorizar recall

A partir de agora, donos de veículos não poderão ignorar chamados das montadoras para eventuais reparos

MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA

O governo acertou ao anunciar a criação do Registro de Avisos de Risco de Veículos Automotores.
Acertou mais ainda ao decidir que o não atendimento ao chamado das montadoras para reparo de veículos (recall) passe a constar do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).
Também é positivo que a determinação valha já para o próximo recall de veículos.
Mas o intercâmbio de informações deve ser feito de forma criteriosa para evitar falhas que possam diminuir o valor dos veículos na hora de uma possível revenda.
O recall é uma das mais expressivas conquistas do Código de Defesa do Consumidor (CDC), em seus 20 anos de vigência.
Não pode ser ignorado pelos proprietários de automóveis, pois isso equivale a saber de ameaças à segurança própria, de seus passageiros, e não tomar providências para solucioná-las.
Além disso, um carro com defeito também é um risco aos demais motoristas, passageiros e pedestres.
Estima-se que 40% dos consumidores não atendam aos chamados das montadoras, absurdo que pode provocar acidentes, ferimentos e mortes. Desleixo que não se justifica, pois lutamos para ter mais direitos. Então, por que não exercê-los?
Segundo a Folha, de janeiro a agosto deste ano houve 38 convocações de recall (30 de carros e 8 de motos). São números preocupantes, porque indicam problemas na gestão de qualidade e nos controles dos fabricantes.
Se, por um lado, o registro no Renavam pressionará os motoristas a atender aos chamados para a correção de problemas nos carros, por outro ainda faltarão medidas para coibir os excessos de erros das montadoras.
Segurança veicular implica não somente os acessórios de segurança (airbags, freio ABS, proteção lateral nas portas) e a qualidade do projeto dos veículos para suportar colisões.
Depende também da confiança que o proprietário tem -ou deveria ter- em um automóvel zero quilômetro.

GUERRA
Falhas mecânicas deveriam ser exceções -nunca tendência- em carros que acabam de sair das linhas de montagem. Mas as convocações de recall, nos primeiros oito meses de 2010, envolveram 848 mil automóveis e 204 mil motos.
Temos de combater a negligência dos consumidores e dos fabricantes. Estes também deveriam ser punidos quando os veículos que produzem apresentassem, constantemente, motivos para recall.
O trânsito brasileiro é uma guerra que ceifa milhares de vidas todos os anos.
Não é possível que veículos sem condições rodem nas esburacadas, mal sinalizadas e escuras ruas e avenidas do Brasil. Que multipliquem os riscos de acidentes em nossas lamentáveis e vergonhosas estradas.
Tudo isso diz muito sobre nosso nível de desenvolvimento humano. Não há ufanismo eleitoreiro que esconda essa triste realidade.


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