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"Roupa, para mim, só fala italiano", diz empresário de São Paulo
DE SÃO PAULO
Carlos Carreiras, 41, empresário paulista de comunicação que começou como
vendedor de calçados, compra ternos Dolce & Gabbana
de R$ 6.000 e sapatos Ermenegildo Zegna de R$ 2.000.
"Roupa, para mim, não fala
outra língua, só italiano."
Val Marchiori, 36, única
menina em uma família de
agricultores no Paraná, teve
de lutar para estudar contabilidade. Sete meses após começar no primeiro emprego,
como vendedora, virou sócia. Logo depois abriu uma
pequena transportadora.
Foi o caminho de Val até o
primeiro Versace, comprado
para uma festa de família em
Arapongas (PR). Hoje, só usa
lingeries La Perla e tem coleção com 15 bolsas Chanel.
"Sou uma perua que paga
meus modelitos há muitos
anos. Tem muita perua por aí
que tem porque ganha", diz.
Esses consumidores que
venceram na vida estão entre
os principais alvos das marcas de luxo no Brasil.
Com mais gente disposta a
pagar caro por produtos exclusivos, grifes estudam expansão ou lançam artigos
mais "baratos" -o chamado
" luxo acessível"- para estimular mais gente a comprar.
É o caso da Tiffany. Sandro
Fernandes, gerente-geral da
marca, diz que, com menos
de R$ 250, é possível comprar
um pingente de prata.
MUDANÇA DE PERFIL
Além de atrair quem não
tem o hábito de entrar em butiques, as grifes querem renovar a percepção das marcas.
A italiana Ermenegildo
Zegna, que tem planos de
abrir duas lojas no Brasil, começou a desenvolver linhas
esportivas e de acessórios.
Com isso, pretende seduzir
consumidores como o galerista Eduardo Machado, 60,
que nos últimos cinco anos
aumentou o consumo de luxo, mas não compra Zegna
porque a acha "muito sisuda". Prefere Giorgio Armani.
Machado passou a consumir mais porque mudou o
perfil das compras, antes
concentradas em itens para
casa. "Minha renda cresceu e
passei a enxergar o luxo de
outra forma." Antes, comparava preços dos artigos com
valores de objetos de arte e
de automóveis -e desistia.
"Em vez de comprar dez
cintos em um ano, hoje compro um só", diz o galerista.
O estudante Kleber Salles,
25, nascido em família tradicional de São Paulo, também
mudou a cesta de consumo
que era prioridade na família. "Meu avô dá valor para
vinhos. Eu gosto de óculos."
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