São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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Obama propõe corte de US$ 1 trilhão

Medida, que teve reação negativa entre políticos, não resolve problema do deficit americano nos próximos anos

Gastos com programas de saúde públicos para idosos e pobres e a seguridade social foram preservados

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Ao revelar sua proposta de Orçamento para 2012, o presidente dos EUA, Barack Obama, propôs ontem cortes de US$ 1,1 trilhão na próxima década (o equivalente a 69% do PIB do Brasil), o que não impedirá deficit de mais de US$ 1 trilhão e já provocou críticas tanto da direita quanto da esquerda.
A proposta para 2012 prevê gastos de US$ 3,7 trilhões após cortes em mais de 200 programas federais. Ela não é a agenda final, mas o passo inicial em um processo longo e que promete ser complicado de discussão do Orçamento no Congresso. O Orçamento para o ano fiscal de 2011 nem foi aprovado ainda.
A dívida pública americana ultrapassa US$ 14 trilhões. Como está, o deficit para 2012 fica projetado em US$ 1,1 trilhão, menos do que o recorde de US$ 1,6 trilhão para 2011. Obama prevê que o país acumulará deficit de US$ 7,2 trilhões até 2021.
Diferentemente do Brasil, onde a proposta de cortes de R$ 50 bilhões de Dilma Rousseff tem em mente os riscos de superaquecimento da economia, nos EUA ainda há a preocupação com a recuperação lenta no pós-crise.
Mas o aperto é mais palatável agora que a saúde econômica parece se fortalecer. Após pacotes de investimentos que custaram ao país mais do que as guerras do Iraque e do Afeganistão, o debate que domina o governo é sobre equilíbrio fiscal.

INVESTIMENTOS
Ainda assim, o presidente não abandonou investimentos e vai elevar gastos em educação, infraestrutura, energia limpa e pesquisas.
"Mas esses investimentos em nosso futuro só podem ser feitos se o governo começar a viver com o que tem e assumir a responsabilidade pelo seu deficit", afirmou.
As primeiras reações foram negativas, ao menos entre políticos. Republicanos dizem que não se cortou o suficiente, e progressistas, que falta dinheiro devido aos descontos no IR para famílias mais ricas que o presidente estendeu em 2010.
Obama vai precisar contar com altas de impostos daqui para a frente. A proposta exige mais de US$ 1,6 trilhão em novos recursos, que terão de vir de alta na taxação sobre ricos e empresas. Um terço do suposto corte de US$ 1,1 trilhão no deficit na década provém de mais arrecadação.
Os cortes alcançam áreas normalmente protegidas pelos democratas, como subsídios para aquecimento de casas no inverno e programas sociais para bairros de baixa renda. Também serão vendidos 14 mil prédios de escritórios e outras propriedades federais. E Obama já havia anunciado congelamento em gastos domésticos e não obrigatórios por cinco anos.
Os programas de saúde públicos para idosos e pobres e a seguridade social , que compõem as maiores fatias dos gastos públicos, foram preservados. A Defesa, outra fatia considerável, teve propostos US$ 671 bilhões.


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