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FOCO
Governo japonês recorre a sex appeal para vender bônus
LINDSAY WHIPP
DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO
Diante da complicada tarefa de atrair investidores para os títulos emitidos pelo
mais endividado dos governos, o Ministério das Finanças japonês optou por uma
técnica de vendas inédita.
A instituição lançará campanha publicitária para persuadir milhões de pequenos
investidores do país a adquirir títulos do governo. A mensagem tem por base o sex appeal: "As mulheres preferem
os homens que têm títulos do
governo japonês!... Não?"
Deter títulos do governo
talvez não seja o caminho
que a maioria das pessoas recomendaria para conquistar
o coração de uma mulher,
mas, segundo o anúncio do
Ministério das Finanças, as
mulheres preferem homens
que investem nos sólidos títulos do governo porque eles
são investidores sensatos.
Anúncio na "R25", revista
distribuída em trens, mostra
cinco mulheres que dizem ter
escolhido maridos que "levam dinheiro a sério" e "investem na estabilidade".
A campanha é uma tentativa do Partido Democrata do
Japão (PDJ), governista, de liquidar a confusão fiscal herdada dos governos do Partido Liberal Democrata, que
dominou a política do país
por meio século até 2009.
NAMORO
A mensagem parece familiar. Quando Naoto Kan, o
novo primeiro-ministro do
Japão, foi ministro das Finanças, instou os funcionários públicos a sair cedo do
trabalho para que pudessem
"namorar até nos dias de semana". A ideia era revolucionária, em um país obcecado
pelo trabalho como o Japão.
Descobrir estratégias que
reduzam a dívida pública de
US$ 9,5 trilhões é uma tarefa
extremamente árdua, especialmente se levado em conta
o rápido envelhecimento da
população japonesa.
O Ministério das Finanças
japonês, no entanto, espera
que o investidor pessoa física, que controla 5% dos ativos investidos no país, torne-se grande comprador de títulos do governo.
A ideia de adquirir títulos
do governo japonês não parece atraente. O rendimento
sobre os títulos de cinco anos
é de 0,4% anual. Mas, com
deflação de 1%, o rendimento real é mais atraente.
Os domicílios japoneses
mantêm mais de metade de
seus ativos em forma de depósitos bancários, com taxa
de juros de mísero 0,05%.
Caso a campanha obtenha
sucesso, o mercado de títulos
da dívida pública talvez não
seja o único beneficiário.
As mulheres que se sintam
atraídas a casar com homens
que investem em títulos públicos poderiam ajudar a reverter a queda no número de
casamentos no Japão, superior a 30% desde 1972.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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