São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2011

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Indústria de suínos abre mão de cota única para exportar à Rússia

Setor agora prefere que governo brasileiro ceda nas negociações para entrada do país na OMC

Proibição à importação de 85 frigoríficos entra hoje em vigor; governo diz atender normas e pediu fim do embargo

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A indústria brasileira de suínos está disposta a abrir mão de cota única nas importações russas para reabrir o mercado à carne do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. O embargo russo às importações de 85 frigoríficos entra hoje em vigor.
Anunciada no início deste mês, a proibição está relacionada às negociações do país para a sua entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio), embora oficialmente os dois governos procurem separar os temas.
Na agricultura, o acordo esbarra na imposição de cotas para importações de suínos. A Rússia garante cotas específicas para EUA e União Europeia, mas oferece ao Brasil apenas participação na cota remanescente.
O governo brasileiro sempre defendeu a adoção de cota única, que seria disputada livremente pelos exportadores. Nesse caso, ganhariam a maior fatia do mercado os países mais competitivos.
Mas essa posição deve mudar. A indústria de suínos, que solicitou durante anos ao Itamaraty uma posição dura nas negociações com a Rússia envolvendo a OMC, já liberou o governo para ceder.
"O jogo ficou muito pesado e não estamos em condições de segurar essa posição", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (associação dos produtores e exportadores de suínos).
A indústria de carne suína é a mais afetada pelo embargo. No ano passado, a Rússia respondeu por 48% da receita obtida pelo setor no mercado externo. Dos 21 frigoríficos de suínos que estavam autorizados a vender para a Rússia, 20 foram cortados.
Ontem, a Rússia se reuniu, em Genebra, com representantes do Brasil e de outros países em uma nova rodada de negociações sobre a OMC.
Segundo a Folha apurou, o encontro terminou sem uma decisão concreta sobre a relação entre Brasil e Rússia.
O objetivo seria acertar primeiro a parte técnica, que contribuiu para a Rússia anunciar o embargo, para depois selar um acordo no campo diplomático.

REAÇÃO
O Ministério da Agricultura enviou ontem à autoridade sanitária russa carta informando a correção das "não conformidades" apontadas pelo país e encaminhou uma nova lista de frigoríficos que atendem os critérios estabelecidos entre os dois países.
Com base nos documentos enviados, o governo brasileiro, que aguarda confirmação de reunião programada para a próxima semana em Moscou, solicitou a revogação da suspensão das importações.
O comunicado foi divulgado em resposta a informações divulgadas no site da autoridade sanitária russa, que anteontem rebateu "acusações de falta de objetividade e protecionismo", que teriam sido "desencadeadas na imprensa brasileira".


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