São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Aproveitar 'pechinchas' de ações na Bovespa demanda cuidados

Para analistas, dividir compras em várias vezes com a Bolsa em queda é a melhor estratégia

Bancos e empresas voltadas ao mercado interno têm mais chance de passar bem por uma recessão global

TONI SCIARRETTA
GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO

A Bovespa derreteu e logo depois veio o megassaldão.
Quem manteve a calma conseguiu comprar na semana passada, por exemplo, a ação PNA (sem voto) da Vale por R$ 39,12 -em janeiro, custava R$ 51,48- e acumular ganho de 9,72% até sexta.
O saldão, cujo auge foi na terça passada, ainda tem barganhas, segundo as corretoras (veja indicações).
A dificuldade é saber se os preços podem cair ainda mais -a chance é alta- e quanto tempo levará a recuperação.
Na dúvida, o investidor deve diversificar apostas (ao menos cinco ações) e se preparar para resgate a longo prazo (no mínimo dois anos).
Um indicador para localizar barganhas é a divisão do preço pelo lucro, chamado P/L. Quanto maior essa razão, mais cara está a ação. Como os preços derreteram, as relações entre preço e lucro estão atraentes. Historicamente, a relação preço/lucro da Bovespa é 10 -acima disso, as ações começam a ser consideradas caras.
Segundo Paulo Levy, diretor do homebroker MyCAP, o Ibovespa chegou bem próximo ao fundo do poço quando desceu, na segunda passada, aos 48.688 pontos.
"Se você corrigir a Bolsa pelo valor patrimonial, estamos quase no nível de 2008. Pode ficar mais barata? Pode, se acontecerem mais problemas no exterior. Mas tudo leva a crer que já é um ótimo preço para começar."
Nas contas da corretora XP, o piso de 29.435 em 27 de outubro de 2008, um mês após a quebra do Lehman Brothers, seria hoje de 43.000 pontos -11,6% abaixo do piso da semana passada.

CAUTELA
"O ponto de entrada é excelente, mas desde que o investidor vá devagar. A palavra-chave hoje é cautela", disse Gustavo Pires, da área de análise da XP.
A Folha ouviu as corretoras Icap, XP, Souza Barros, Lerosa, Spinelli e Link, que apostam em ações de bancos -BB, Bradesco e Itaú- e também de consumo ou voltadas ao mercado interno -Renner, Americanas, Localiza, Grendene e PDG, entre outras.
Os bancos são indicados porque têm experiência em lucrar tanto em períodos de expansão quanto de crise. Já as empresas voltadas ao mercado interno são vistas como blindadas contra uma possível recessão mundial.
"Todas as empresas indicadas vêm de performances fracas no ano, mas com eventos importantes pela frente. Na turbulência, o investidor não deve ter pressa", disse Max Bueno, analista da Spinelli. "O ideal é dividir as compras em três, quatro ou cinco vezes e comprar quando a Bolsa estiver caindo."
"A atratividade do Brasil é que o mercado interno pode suprir uma eventual deficiência do comércio exterior", disse Felipe Brandão, da Icap.


Texto Anterior: Mercado aberto
Próximo Texto: Ações recompensam quem tem calma
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.