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Dobram poupanças com mais de
R$ 1 mi
Em três anos, contas milionárias chegam a 5.759; maioria é de pessoas físicas que buscam diversificar o risco
Poupança chega a 31% do total de depósitos e ganha espaço de CDBs; menores de 21 anos são segmento em alta
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O número de cadernetas
de poupança com saldo superior a R$ 1 milhão praticamente dobrou nos últimos
três anos.
São 5.759 poupadores.
Eles representam apenas
0,005% do total, mas respondem por 7% dos depósitos,
segundo dados do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) divulgados pelo Banco Central.
Nesse mesmo período, o
total de aplicadores em todas
as faixas cresceu quase 20%.
A poupança é oferecida
por cerca de 20 instituições
financeiras, mas 95% dos depósitos estão concentrados
nos cinco maiores bancos.
A Caixa Econômica Federal lidera a captação, com
34% dos R$ 340 bilhões depositados. Mais de 90% dos
clientes possuem saldo de
até R$ 1.500, mas há 1.113
correntistas com saldo superior a R$ 1 milhão.
Segundo o banco, a maioria é composta por pessoas físicas que possuem também
outros investimentos e procuram diversificar o risco.
"Para classes emergentes,
a simplicidade da poupança
é um diferencial muito grande, e, para os de maior renda,
ela se apresenta como uma
oportunidade de diversificação de investimento", diz o
superintendente nacional de
clientes de renda básica da
Caixa, Humberto Magalhães.
O levantamento mostra
ainda que a participação da
poupança nos depósitos
bancários alcançou, em junho, o maior nível desde dezembro de 2007.
A caderneta chegou a 31%
do total de depósitos em produtos garantidos pelo FGC
no primeiro semestre, o que
inclui todas as aplicações
bancárias em renda fixa, exceto fundos de investimento.
Nesse período, a poupança ganhou espaço, principalmente sobre os CDBs. Uma
das explicações é que os bancos pagam hoje taxas menores nesse tipo de aplicação, o
que reduz a vantagem em relação à poupança.
Quem aplicou R$ 1 milhão
no começo do ano na poupança e sacou os recursos no
início de setembro, por
exemplo, obteve um rendimento de R$ 44.826,50, ou
4,48%. Quem fez um CDB no
mesmo período obteve um
ganho líquido em média
R$ 5.700 superior.
BANCARIZAÇÃO
Os dados da Caixa mostram que o crescimento da
poupança está ligado ao processo de bancarização da população, que tem no investimento uma porta de entrada
para fazer seu planejamento.
Nesse caso, os principais
atrativos são a isenção de tarifas, de tributação e de valor
mínimo para aplicação.
O banco também detectou
crescimento acima da média
no número de correntistas
com até 21 anos, o que derruba o mito de que esse é um investimento para pessoas
mais velhas e conservadoras.
"O número de jovens com
caderneta tem aumentado.
São pessoas que querem planejar o seu futuro, juntar dinheiro para compra de bens.
E isso está ligado ao aumento
da educação financeira", diz
o superintendente da Caixa.
Para o professor Liao Yu
Chieh, do Insper (Instituto de
Ensino e Pesquisa), a poupança se mantém como uma
aplicação interessante para
quem precisa de liquidez
imediata ou quer acumular
recursos até encontrar um investimento que ofereça condições melhores.
"Eu mesmo tenho uma
poupança, que funciona como um fundo de reserva, se
precisar de dinheiro a qualquer hora. O recomendável é
poupar aquilo que você acha
razoável ter em um momento
de emergência, o que varia
de acordo com a pessoa",
afirma o professor do Insper.
Para Fabio Gallo Garcia,
professor de finanças da
FGV-EAESP, a poupança deve continuar a atrair investidores, principalmente se a
taxa de juros voltar a cair nos
próximos anos para um patamar inferior a 10%.
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