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Mercado imobiliário não voltou ao patamar anterior
DE WASHINGTON
De deduções de impostos
a controle de juros de hipotecas, o governo dos EUA fez
tudo o que pôde pensar para
estimular o mercado imobiliário após o estouro da bolha
em 2006/2007, que foi o primeiro sinal da crise no país.
Mas não só continua com
dados desanimadores como
também vê emergir com cada
vez mais frequência a questão que os americanos deveriam abandonar o modelo
que constroem há mais de
meio século, quase totalmente focado na casa própria.
Pelo país, o valor das propriedades caiu em média
30%, mas há bolsões em que
a situação é muito pior: em
Nevada, por exemplo, a queda média foi de 70%.
Em julho, nem a taxa de juros mais baixa da história
(cerca de 4,3% para hipoteca
de 30 anos) ajudou -vendas
de casas que já foram ocupadas caíram 27%, o pior resultado em 15 anos.
E, mesmo com a infusão
de centenas de bilhões para
evitar despejos, milhões de
casas deverão ser retomadas.
Os americanos continuam a
dever mais que o valor atual
de suas propriedades.
A previsão é que o índice
de casas ocupadas por donos
(e não inquilinos) caia para
62% talvez já em 2012 -um
recorde desde 1960, quando
a taxa era de 61,9%. O pico foi
em 2004 (69,4%).
Para analistas, há dois
problemas nos quais os programas públicos não tocam:
a lenta recuperação da economia, que afugenta o consumidor; o mercado imobiliário do país precisa mesmo
de uma correção.
"Os programas tentaram
ganhar tempo até que a economia melhorasse, mas isso
não está acontecendo", disse
à Folha Ted Gayer, especialista do Instituto Brookings.
"Olhando para trás, posso
entender melhor as intervenções no mercado financeiro
de hipotecas. Mas descontos
de impostos e a tentativa de
impedir a retomada de casas
não mexem no que importa.
Tivemos uma recessão com
queda da demanda."
Para Gayer, o pior está por
vir. "Infelizmente o ajuste
ainda está à frente, e temo
muito o número de despejos
que ainda teremos. Se as pessoas devem 125% do valor
das casas, o que se pode fazer? Pagar para elas? Isso
ajudaria os bancos, mas seria
muito caro, mal orientado e
politicamente difícil."
(AM)
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