São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Mercado imobiliário não voltou ao patamar anterior

DE WASHINGTON

De deduções de impostos a controle de juros de hipotecas, o governo dos EUA fez tudo o que pôde pensar para estimular o mercado imobiliário após o estouro da bolha em 2006/2007, que foi o primeiro sinal da crise no país.
Mas não só continua com dados desanimadores como também vê emergir com cada vez mais frequência a questão que os americanos deveriam abandonar o modelo que constroem há mais de meio século, quase totalmente focado na casa própria.
Pelo país, o valor das propriedades caiu em média 30%, mas há bolsões em que a situação é muito pior: em Nevada, por exemplo, a queda média foi de 70%.
Em julho, nem a taxa de juros mais baixa da história (cerca de 4,3% para hipoteca de 30 anos) ajudou -vendas de casas que já foram ocupadas caíram 27%, o pior resultado em 15 anos.
E, mesmo com a infusão de centenas de bilhões para evitar despejos, milhões de casas deverão ser retomadas. Os americanos continuam a dever mais que o valor atual de suas propriedades.
A previsão é que o índice de casas ocupadas por donos (e não inquilinos) caia para 62% talvez já em 2012 -um recorde desde 1960, quando a taxa era de 61,9%. O pico foi em 2004 (69,4%).
Para analistas, há dois problemas nos quais os programas públicos não tocam: a lenta recuperação da economia, que afugenta o consumidor; o mercado imobiliário do país precisa mesmo de uma correção.
"Os programas tentaram ganhar tempo até que a economia melhorasse, mas isso não está acontecendo", disse à Folha Ted Gayer, especialista do Instituto Brookings.
"Olhando para trás, posso entender melhor as intervenções no mercado financeiro de hipotecas. Mas descontos de impostos e a tentativa de impedir a retomada de casas não mexem no que importa. Tivemos uma recessão com queda da demanda."
Para Gayer, o pior está por vir. "Infelizmente o ajuste ainda está à frente, e temo muito o número de despejos que ainda teremos. Se as pessoas devem 125% do valor das casas, o que se pode fazer? Pagar para elas? Isso ajudaria os bancos, mas seria muito caro, mal orientado e politicamente difícil." (AM)


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