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commodities
Indústria do petróleo critica regra de conteúdo nacional
Para empresários, custo de adequação é elevado e critérios são ambíguos
Segundo a ANP, até hoje ninguém deixou de cumprir as cotas de participação brasileira definidas em contrato
CIRILO JUNIOR
DO RIO
O critério utilizado para a
medição do conteúdo nacional na indústria do petróleo é
contestado por grande parte
da indústria.
Empresários alegam que
os custos para se adequar às
regras chegam a representar
1% do investimento. Pedem
que as normas sejam simplificadas para facilitar a atração de investimentos.
O conteúdo nacional representa a parcela de equipamentos e serviços fabricados
no Brasil que é utilizada, por
exemplo, em cada plataforma de produção. Em média,
a exigência é que cada unidade tenha 65% de conteúdo
nacional.
A ANP (Agência Nacional
do Petróleo) é responsável
pela fiscalização. As empresas que não cumprirem os níveis mínimos de exigência
poderão ser multadas.
"A sistemática para fazer a
medição que a ANP coloca no
mercado é muito complexa",
afirma Eloi Fernández y Fernández, diretor da Onip (Organização Nacional da Indústria do Petróleo).
"É onerosa, faz com que o
fornecedor brasileiro tenha
que gastar dinheiro para
mostrar que tem um conteúdo nacional, vai na contramão da competitividade. Está colocando custos adicionais no produto nacional",
afirma Fernández.
Para João Carlos de Luca,
presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás, a
atual fiscalização da política
de conteúdo nacional tem alcance limitado e não incentiva o desenvolvimento tecnológico e a competitividade.
"É impraticável seguir toda a cartilha. Não se está conseguindo chegar ao objetivo
do programa de conteúdo
nacional da forma como se
previa", observa. Toda essa
dificuldade acaba colocando
em dúvida até mesmo o processo de medição, sustenta.
Fernández acrescenta:
"Existe uma confusão; em razão do grau de complexidade
que se colocou, cada um tem
uma opinião sobre o processo de medição".
ACOMPANHAMENTO
Segundo a ANP, há um
acompanhamento trimestral
das atividades de exploração
e produção.
A agência diz que os investimentos são fiscalizados
quando o concessionário declara a comercialidade de algum campo, quando se conclui a fase de desenvolvimento da produção ou quando há
devolução de bloco e o contrato fica extinto.
São exigidos documentos
fiscais e contratos que comprovem os investimentos.
Caso o concessionário não
cumpra o conteúdo local mínimo, está sujeito a multa.
De acordo com a ANP, até
hoje ninguém deixou de
cumprir o que fora acordado
nos contratos.
Os empresários reclamam
que as 15 empresas definidas
para fazer a medição do conteúdo local utilizam critérios
diferentes. Isso causa, segundo Fernández, incompreensão generalizada.
"Existem empresas que
foram credenciadas como
certificadoras pela ANP. Você vai a uma, ela diz uma coisa, vai a outra, ela diz outra.
Isso traz incerteza para todo
mundo."
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