São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Correios só negociam com fim da greve

Trabalhadores, porém, prometem intensificar paralisação por um reajuste salarial maior que a estatal oferece

Empresa suspende por prazo indeterminado entregas com horário programado, como o Sedex 10 e o Sedex Hoje

RENATO MACHADO

DE BRASÍLIA

VENCESLAU BORLINA FILHO
DE SÃO PAULO

Os Correios retiraram a sua proposta de reajuste salarial e afirmaram que só voltam a negociar com os grevistas após o retorno ao trabalho.
Para o secretário-geral da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares), José Rivaldo da Silva, a decisão joga "mais gasolina" ao movimento.
"Vamos massificar a greve e fazer com que eles [direção dos Correios] voltem a dialogar com a gente", afirmou.
Segundo a Fentect, todos os sindicatos aderiram ao movimento, exceto o da região de Uberaba (MG). Dos 45 mil carteiros na ativa, 70% estão parados, disse. Somente na cidade de São Paulo há 10 mil entregadores de cartas.
Diferentemente da estimativa dos sindicatos que representam a categoria, a empresa afirmou que somente um terço dos funcionários aderiu à paralisação iniciada ontem em todo o país.
A maior parte dos grevistas são carteiros, o que comprometeu as entregas -18 mil pararam em todos os Estados, segundo os Correios.
A empresa suspendeu por tempo indeterminado os serviços com horário programado: o Sedex 10, o Sedex Hoje e o Disque Coleta. No primeiro dia de greve, 17% da carga total atrasou. São entregues diariamente 35 milhões de objetos pelos Correios.
"Pedimos a compreensão da população", disse o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira. Ele afirmou que o plano de contingência da empresa vai priorizar correspondências com prazos, como as faturas.

"LIMITE"
Atualmente trabalham nos Correios cerca de 110 mil pessoas em todos os Estados -o quadro que atua no dia a dia é um pouco menor, por causa de férias e licenças. Só de carteiros, há cerca de 45 mil.
A diretoria dos Correios afirmou que a última proposta foi no "limite" da sua capacidade orçamentária.
Até a sexta-feira passada, a empresa ofereceu um abono imediato de R$ 800 e um reajuste salarial de 6,87% (a inflação de 12 meses até julho, o mês-base para o cálculo) e mais um acréscimo linear de R$ 50 por mês a partir de janeiro. O vale-refeição passaria de R$ 23 para R$ 25. A proposta foi recusada.
Os trabalhadores querem aumento linear de R$ 400 a partir de janeiro, reposição de 7,16% e mais 24,76% referentes a perdas desde 1994. O salário-piso é de R$ 807.
O presidente dos Correios afirmou que vai descontar a falta dos grevistas durante a paralisação e que existe a possibilidade de ação judicial contra o movimento.
Além da questão salarial, os grevistas se queixaram da falta de funcionários, o que sobrecarrega as empresas. A empresa disse que esse problema está sendo amenizado com novas contratações. No mês passado, 2.000 começaram a atuar em funções administrativas. Os Correios afirmaram que 6.000 carteiros serão incorporados até o mês que vem.
"Esperamos que a direção dos Correios resolva esse impasse", disse o advogado das agências franqueadas, Marco Aurélio de Carvalho.


Texto Anterior: Petrobras não quer mais refinaria em parceria com PDVSA
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.