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Brasil entra na rota dos fundos bilionários
Rio e São Paulo estão entre maiores centros de gestão de ativos, mercado concentrado em Nova York e Londres
"Butiques" para o investimento estão fora de grandes bancos e procuram rentabilidade acima do mercado
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O Brasil entrou na rota dos
maiores fundos de hedge do
mundo, verdadeiros condomínios de dinheiro que utilizam as técnicas mais avançadas da matemáticas e da análise microeconômica para
conseguir rentabilidade acima da média dos mercados.
Voltados a grandes investidores (fundos de pensão e
famílias endinheiradas), esses fundos têm liberdade total para aplicar simultaneamente em ações, títulos de
dívida pública e privada,
moedas, derivativos e commodities. A palavra de ordem
é bater, no longo prazo, todos
os demais investimentos.
No Brasil, estão 5 das 302
maiores gestoras independentes (fora de grandes bancos) com mais de US$ 1 bilhão: Hedging-Griffo, Tarpon, JGP, GAP e Gávea.
Juntas, as cinco administram hoje US$ 15,43 bilhões
(R$ 25,92 bilhões). Há um
ano, só uma fazia parte do
"clube do bilhão" do setor,
segundo a consultoria britânica Hedgefund Intelligence.
BUTIQUES
Em comum, as cinco top
nasceram em pequenos escritórios, com grupo restrito
de clientes e fundadas por
pelo menos uma "estrela" do
mercado que fez nome e fortuna nos grandes bancos.
Trabalham com fundos
sem liquidez diária, sendo os
cotistas obrigados a receber
eventuais saques em prazos
de 30 dias a três anos.
Todas estão fora de grandes bancos ou conglomerados financeiros, com exceção
da Hedging-Griffo que foi
comprada pelo gigante Credit Suisse em 2006, mas segue com independência.
A gestora nasceu em 1981
no centro velho de São Paulo
e seu "Fundo Verde" chamou atenção após bater, por
sucessivos anos, os rankings
de retorno do início da década. Hoje, gere R$ 40 bilhões.
Outro dos mais antigos, a
carioca GAP Asset surgiu em
1996 no Leblon (zona sul do
Rio), focada no investimento
em ações. Cresceu e foi para a
Barra da Tijuca, onde encontrou mais espaço para acomodar mais de 50 colaboradores. "Ter rentabilidade alta
uma ou duas vezes é fácil; difícil é acertar todos os anos",
disse Alexandre Maia, economista da GAP.
Depois que saiu do governo, o ex-BC Armínio Fraga
abriu a Gávea Investimentos
também no Leblon. Sete
anos depois, já tem mais de
R$ 10 bilhões sob sua gestão
e pode acabar nas mãos da
americana Highbridge, gestora ligada ao JPMorgan.
Fora do eixo Leblon-Barra,
a JGP foi fundada por André
Jakurski, antigo sócio do
Banco Pactual, no centro do
Rio. Hoje, tem mais de R$ 5
bilhões sob gestão.
A paulista Tarpon seguiu
caminho diferente e foca investimentos em poucas empresas -hoje são 10 companhias abertas e três fechadas.
Como "fere" um dos principais postulados da indústria de fundos -o de jamais
concentrar risco-, a Tarpon
faz questão de ter assento em
todas as empresas nas quais
investe.
"Tivemos a ousadia de sair
do lugar-comum e apostar
em uma filosofia de longo
prazo. Queremos olhar o que
os outros não estão vendo",
diz o sócio Eduardo Mufarej.
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