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Rombo em banco pode superar
R$ 2,5 bi
Perda de R$ 400 mi com cartões foi estimada por executivos do grupo Silvio Santos e ainda não foi confirmada
Para autoridades, tamanho das perdas no PanAmericano só será conhecida após investigação em cartões
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
O rombo no Banco PanAmericano e na empresa de
cartão de crédito do grupo
Silvio Santos pode ser maior
do que os R$ 2,5 bilhões informados até agora.
A cifra é resultado da soma
de um buraco de R$ 2,1 bilhões em operações de crédito do banco e de R$ 400 milhões na área de cartões.
Mas a informação de que
há um rombo dessa magnitude nas operações de cartão
de crédito foi passada ao
Banco Central pelos próprios
dirigentes da holding do
apresentador, segundo a Folha apurou.
Como R$ 400 milhões é
uma estimativa dos dirigentes do grupo de quanto seria
necessário para cobrir "potenciais problemas" com
cartões e não foi determinado por fiscalização ou auditoria externa, há risco de que
seja impreciso.
O que significa que o rombo total pode ser maior que
os R$ 2,5 bilhões reportados,
segundo a Folha apurou.
De acordo com auditores
do BC, as informações declaradas pelo grupo em relação
ao rombo na empresa de cartões de crédito ainda não foram conferidas.
Uma autoridade envolvida
na fiscalização do PanAmericano disse à Folha que o tamanho exato do rombo só vai
ficar claro à medida que
avance o trabalho de escrutínio nas contas da empresa de
cartões do grupo -e do próprio banco- tocado até agora principalmente pela nova
diretoria.
A suspeita maior é de que
os problemas na empresa de
cartão de crédito sejam de
natureza parecida com o que
ocorria nas operações de empréstimo do banco: valores a
ser recebidos de clientes no
futuro eram inflados nos balanços, aumentando artificialmente o resultado.
FALTA DE FISCALIZAÇÃO
Os dirigentes do grupo de
Silvio Santos se manifestaram a respeito da existência
de um rombo na área de cartões apenas depois que o BC
havia detectado a fraude.
O BC não fiscaliza a área de
cartão de crédito, o que facilita desvios. A falta de fiscalização também dificulta a
apuração de problemas.
Especialistas em direito
bancário, como o advogado
Jairo Saddi, coordenador do
curso de direito do Insper,
defendem há anos a inclusão
do setor de cartões de crédito
como atividade financeira, o
que implicaria na fiscalização do Banco Central.
A autoridade monetária,
no entanto, resiste à ideia.
As primeiras irregularidades encontradas pelo BC no
PanAmericano foram operações de venda de uma mesma carteira de crédito para
duas instituições diferentes.
Vender para outro banco o
direito de receber as prestações de empréstimos concedidos é prática comum.
Bancos de porte médio como o PanAmericano fazem
isso para levantar dinheiro
rapidamente a fim de conceder novos empréstimos.
PREJUÍZO DISFARÇADO
Segundo a Folha apurou,
não há dúvida entre autoridades envolvidas no caso de
que as irregularidades no PanAmericano foram resultado
de fraude e não de erro.
Há indícios de que executivos do banco armaram essas
operações fraudulentas para
cobrir o resultado deficitário
do banco, transformando
prejuízo em lucro.
Os problemas financeiros
do PanAmericano foram resultado da combinação de
dois fatores: custos altos e
inadimplência elevada.
Sem base significativa de
correntistas, o banco pagava
caro para captar recursos no
mercado. Além disso passou
a ter problemas de inadimplência (o foco do banco são
crédito consignado e financiamento de veículos).
O banco tinha de lidar ainda com outros custos altos
-também amargados pelos
demais bancos, especialmente os de médio porte-
como o pagamento de comissões para os "pastinhas".
É como são chamados os
trabalhadores autônomos
que captam clientes para os
bancos, batendo de porta em
porta, visitando empresas e
repartições públicas.
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