São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

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Peso do Brasil dobra em fundos globais

Pimco, Aberdeen, Black Rock e Calpers chegam a ter 2% de seus ativos no Brasil; tendência cresceu após 2008

Levantamento da Folha mostra que grandes gestores globais têm diversificado aplicação financeira no Brasil

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

O Brasil atraiu em anos recentes investimentos de fundos estrangeiros que antes passavam longe do mercado doméstico ou tinham exposição quase irrelevante ao país.
Grandes gestores de fora já tinham colocado o Brasil em seu radar há mais de uma década. Mas o investimento no país costumava ser feito quase exclusivamente por meio de fundos dedicados a mercados emergentes.
Levantamento feito pela Folha nos balanços de grandes empresas de gestão mostra que essa tendência começou a mudar principalmente depois da crise de 2008.
Os fundos têm aumentado e diversificado a fatia de recursos destinados ao Brasil.
Dados da consultoria EPFR confirmam essa tendência. A parcela que o Brasil recebe dos fluxos líquidos (somadas entradas e saídas) de investimentos de fundos globais de ações quase dobrou, passando de uma média de 1,1% do total entre meados de 2001 até o fim de 2008 para 2% desde então.
O fundo da gigante escocesa Aberdeen Asset Management focado em recursos naturais investia 1,1% dos seus ativos no Brasil em meados de 2008. Dois anos mais tarde, essa fatia havia se multiplicado por seis.
Outros fundos da empresa gestora de recursos seguiram rumo parecido. O Aberdeen Small Cap Fund (com foco em pequenas empresas) não investia no Brasil em meados de 2008. Já em julho de 2010, destinava 7,1% de seus ativos ao mercado brasileiro.
"A crise tornou mais evidente a fortaleza de empresas e bancos brasileiros", diz Nick Robinson, diretor e chefe de investimentos em ações no Brasil da Aberdeen.
A história se repete entre outros gestores importantes de fundos mútuos, como Pimco e BlackRock, e até entre investidores institucionais, mais conservadores, como a Calpers, gigante fundo de pensão dos funcionários públicos da Califórnia.
A Pimco, uma das maiores gestoras do mundo, lançou há pouco um fundo de investimento em infraestrutura. O Brasil abocanhou 15,8% dos investimentos dessa carteira, na frente de Rússia (12,5%) e EUA (7,1%).

ATRATIVO
Para Will Landers, gestor do Latin American Fund, do BlackRock, o Brasil representa "uma das oportunidades mais atraentes do mercado global de ações".
Além de ter aumentado sua exposição ao Brasil por meio da carteira de América Latina, o BlackRock passou a investir mais no país por meio de outros fundos.
A exposição do Global Dynamic Equity Fund, por exemplo, a ações de empresas brasileiras aumentou de 1,8% em 2006 para 3,3% em meados de 2010.
Estabilização econômica, altos retornos e resistência à crise global também são fatores citados por Clark McKinley, porta-voz da Calpers, para explicar a decisão de investir mais no Brasil.
A exposição da carteira de dívida soberana de países estrangeiros da Calpers ao Brasil saltou de zero em 2007 para 13,6% em 2008 e 33% em 2009. Com isso, o Brasil se tornou o país que recebe a maior parcela dos investimentos do fundo de pensão nessa categoria.


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