São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2010

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Telefónica tenta "seduzir" acionista da PT

Sócios na operadora portuguesa, espanhóis pedem mais dividendos caso acionistas aceitem vender a Vivo

Estratégia pretende convencer minoritários, que detêm 72% da PT, a aceitarem proposta de compra da Telefónica

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A Telefónica enviou ontem à PT (Portugal Telecom) uma proposta para "seduzir" os acionistas minoritários da operadora portuguesa a se decidirem pela venda de sua participação na Vivo.
Espanhóis e portugueses são sócios na operadora brasileira líder do mercado de celular, com 30% de participação cada um. A Telefónica ofereceu recentemente 6,5 bilhões para tomar a Vivo da PT e assumir o controle.
No dia 30, está marcada a reunião geral de acionistas da PT para avaliar a proposta. Como acionista da própria operadora portuguesa, a Telefónica incluiu na pauta da assembleia um novo tema, que será votado antes da proposta pela Vivo.
Os espanhóis estão pedindo que a PT modifique sua política de pagamento de dividendos, caso os acionistas decidam vender a participação na operadora brasileira.
Hoje, um acionista da PT recebe 0,575 em dividendos por ação. A Telefónica quer que esse limite passe para, no mínimo, 1,575.

MENOS EM CAIXA
Dessa forma, os espanhóis querem garantir que, com dinheiro em caixa resultante de uma possível venda da Vivo, os acionistas da PT possam receber uma parte como dividendo. Para isso, é preciso que mais da metade dos acionistas aprove o pedido da Telefónica na reunião.
Com essa manobra, a operadora espanhola estima que, dos 6,5 bilhões, 900 milhões terão de ser distribuídos como lucro.
Sem uma mudança na regra de distribuição de dividendos, não haveria, necessariamente, essa divisão e o destino do dinheiro seria definido pelo Conselho de Administração.
Contrário à venda, o conselho espera que a Telefónica aumente o lance para 7,5 bilhões, alegando que a atual proposta ainda não reflete o preço real de sua parcela na Vivo, que poderá ter ganhos maiores nos próximos anos.
Nas últimas semanas, executivos da PT visitaram os principais investidores estrangeiros que detêm 72% das ações da operadora portuguesa. O objetivo foi mostrar que a oferta de 6,5 bilhões ainda não reflete o valor justo da Vivo para a PT.
Os espanhóis afirmam que não elevarão a proposta. Eles afirmam que oferecem, além de um preço elevado pela Vivo, uma possibilidade extra de ganhos com a venda de sua participação na PT.
A Telefónica possui 8,51% do capital social da operadora portuguesa e está se desfazendo dela por um preço médio. Pelas regras do mercado, seria pela maior cotação do papel da PT nos últimos dois anos. Para os espanhóis, só aí seriam mais 300 milhões em ganhos à PT.


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