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Setor aéreo se opõe a aeroporto privado
Companhias resistem a projeto das construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez na Grande São Paulo
Temor é que modelo de gestão privada em um novo aeroporto no Estado acabe gerando escalada de tarifas
MARIANA BARBOSA
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
A proposta das empreiteiras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez de construir e
administrar um novo aeroporto em São Paulo, apresentada ao BNDES, enfrentará
resistência do setor aéreo.
A Folha apurou que as
companhias aéreas temem
uma escalada no valor das
tarifas se for adotado um modelo de gestão privado.
O projeto das construtoras
depende de mudanças no
marco regulatório dos aeroportos, hoje administrados
pela estatal Infraero. Para
convencer o governo, as
construtoras argumentam
que o aeroporto ficaria pronto para a Copa de 2014.
Em conversas privadas,
executivos de grandes companhias demonstraram insatisfação por nunca terem sido chamadas pelo governo a
opinar sobre o modelo de
concessão de aeroportos.
As companhias defendem
a competição entre os aeroportos -sejam eles públicos,
sejam privados. Argumentam que, mesmo sob gestão
da Infraero, seria possível haver competição. Bastaria permitir a cobrança diferenciada de tarifas entre aeroportos. Hoje as empresas pagam
a mesma tarifa para pousar
ou decolar de qualquer local.
Procurado, o Snea (Sindicato Nacional das Empresas
Aeroviárias) não quis comentar a proposta das construtoras. Por meio de sua assessoria, declarou que não defende nenhum modelo em particular. "Queremos apenas um
aeroporto seguro, com condições de infraestrutura que
nos garanta prestar bons serviços aos usuários."
No passado, a TAM chegou a defender o modelo privado. Depois que deixou a
presidência da TAM, em
2007, Marco Bologna foi presidir a construtura WTorre
com a missão de criar uma
operadora de aeroportos com
a participação da TAM S.A. O
projeto não vingou. Bologna
voltou para o grupo e hoje
preside a TAM S.A.
Se aceito, o projeto das
construtoras pode quebrar o
plano do governo federal,
que incluía a construção da
segunda pista no Aeroporto
Internacional de Viracopos,
em Campinas, distante 90
km de São Paulo, e a construção do TAV (Trem de Alta Velocidade).
O projeto do governo considera a receita que será obtida no trecho São Paulo-Campinas. Sem Viracopos, o fluxo de passageiros do trem fica mais comprometido.
A tendência é que os consórcios interessados em disputar o leilão do TAV queiram obter garantias do governo de que Viracopos de fato
se tornará um aeroporto de
grande porte. O projeto, previsto para o município de
Caieiras, cria essa dúvida.
ÁREA
A proposta de um aeroporto em Caieiras surpreendeu a
cidade. O prefeito Roberto
Hamamoto (DEM) disse que
desconhece o local onde pode ser instalado o empreendimento. "Todos sabem que
a topografia da cidade não é
muito favorável. Um projeto
desse porte implica grande
movimentação de terra", diz.
A Camargo não informou a
localização do eventual projeto. A empresa tem 5,5 milhões de metros quadrados
para um projeto imobiliário,
ainda não aprovado pela prefeitura. O terreno foi adquirido da Melhoramentos.
De acordo com o prefeito,
boa parte do terreno não dispõe de escritura definitiva. O
terreno ocupa 45% do território de Caieiras, entretanto
ainda há discussão sobre a
demarcação. "Essa área da
Camargo jamais poderá ser
usada como aeroporto. Não
permitirei isso", diz ele.
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