São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

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Mercado não quis assumir risco do 'casamento', diz diretor da ANTT

Bernardo Figueiredo afirma que novo modelo de leilão do trem-bala não é retaliação contra empresas

Custo não deve aumentar, segundo o diretor, porque haverá competição em todas as fases do projeto

DE BRASÍLIA

O mercado não quis assumir o risco de formar um casal e, agora, vamos ser um agente do casamento para construir o trem-bala.
É assim que o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, define o novo modelo de leilão do trem de alta velocidade, no qual o governo assumirá o risco da demanda.

 

Folha - O que deu errado? O modelo estava errado?
Bernardo Figueiredo -
Eu queria contratar um casal, que o rapaz achasse a moça, casasse e se apresentasse como casal no leilão. Mas não foi possível construir esse casamento no mercado.
Agora, vamos selecionar um noivo, que vai dizer que tipo de noiva quer, e depois selecionar a noiva e fazer o casamento. O governo não queria ser uma agência de casamento, mas o mercado não quis assumir esse risco.

O custo do projeto pode ficar maior no novo modelo?
Não, porque vamos garantir mais competição em todas as fases. Com grupos diferentes em cada fase, ganho na construção e no arrendamento das linhas.

O modelo anterior estava errado?
Ele era pouco competitivo. Por isso adotamos um grau de exigência muito alto, passamos muito risco para os competidores, montamos uma base de negócio muito agressiva. Como isso não funcionou, vamos agora buscar essa competição dividindo o leilão em fases.

Como fica a tarifa?
Teremos uma tarifa-teto. Vamos avaliar, mas a princípio é a mesma, de R$ 0,49 por km.

Como o governo bancará o equilíbrio do serviço?
O operador vai pagar para o governo pelo uso da infraestrutura, que paga ao concessionário. Vou receber de um lado e pagar do outro. Se o serviço for deficitário, é custo meu. Se for superavitário, é lucro meu. Então, estou tirando do modelo anterior esse risco e trazendo para mim.

Não é perigoso para o governo?
Não acredito. O operador, para ser competitivo, terá de ter o menor custo de construção da obra e o maior valor de arrendamento a ser pago para a União.
Do outro lado, quem ganhar a infraestrutura terá de exigir o menor valor de arrendamento a ser recebido da União. Além disso, terei um preço-teto do projeto definido pelo operador do sistema.

O novo modelo é uma resposta aos empreiteiros, que boicotaram o primeiro leilão?
Não. Tentamos um modelo que era menos competitivo e, por isso, apertamos mais as condições. Não deu certo, agora eu tenho obrigação de buscar um modelo mais competitivo. Não é troco, é percepção do mercado, se o mercado é assim, tenho de fazer. (VALDO CRUZ)


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