São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

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Brics serão gigantes de renda média

Economias de Brasil, Rússia, Índia e China alcançarão as do G7, mas diferença em PIB per capita permanecerá grande

Mudança no ranking de maiores economias terá importantes impactos geopolíticos, de acordo com especialistas


DE SÃO PAULO

Somadas, as economias dos Brics alcançarão as do G7 em 2032, e a distância entre os dois grupos crescerá em anos subsequentes. Mas a renda per capita média de Brasil, Rússia, Índia e China ainda será o equivalente a quase um terço da dos sete países industrializados em 22 anos.
Segundo projeções do Goldman Sachs, a renda per capita média dos Brics será US$ 21,57 mil em 2032, ante US$ 58,24 mil do G7 (EUA, Reino Unido, Japão, Itália, Alemanha, França e Canadá). Historicamente, essa será uma situação inédita.
A Rússia será o único Bric de renda alta, US$ 39,23 mil, ainda assim inferior à média do G7. China e Brasil (com cerca de US$ 20 mil de renda per capita) serão nações de renda média. E a Índia, com PIB (produto interno bruto) per capita de US$ 5.500, permanecerá pobre.
De acordo com economistas ouvidos pela Folha, essa nova configuração da ordem mundial terá impactos geopolíticos importantes que afetarão cada vez mais a agenda política e econômica global.
Os tópicos de discussão, resumidos abaixo, vão do futuro do G7 e do papel dos Brics nas instituições multilaterais à atratividade do modelo econômico chinês.

G7 versus G20
O chamado G20 (grupo que reúne países desenvolvidos e emergentes de grande peso econômico) provavelmente substituirá o G7 como principal fórum de debate e decisões políticas e econômicas.
"Acho que a vantagem do G20 é que é um grupo global que inclui mercados emergentes que crescem a ritmo rápido", diz Anoop Singh, diretor do departamento da Ásia do FMI.
Instituições multilaterais Para Singh, os emergentes terão peso crescente nas instituições multilaterais.
Mas, de acordo com Jim O'Neill, economista-chefe do Goldman Sachs, isso levará a um debate complexo: "Quem vai pagar pelo FMI? Serão as economias maiores, aquelas com mais reservas internacionais ou os mais ricos?".
Modelo chinês Segundo Arthur Carvalho, economista-chefe da Ativa Corretora, um tema que será muito debatido é a atratividade do modelo econômico chinês, de economia capitalista, aberta, mas com forte planejamento do governo.
Esse foi o tópico do debate da semana passada promovido pela "Economist" em seu site. A pergunta proposta pela revista britânica era se a China oferecia um modelo de desenvolvimento melhor que o do Ocidente. Até a sexta-feira passada, a maioria dos leitores respondeu que não (58% ante 42%).
Risco de conflito O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Insper, diz não acreditar que se formará uma nova hegemonia política e econômica em torno da China, que, segundo projeções do Goldman Sachs, ultrapassará os EUA como maior economia do mundo em 2027.
Mas vê o risco de conflitos econômicos entre a China e outras grandes potências, à medida que o país asiático expandirá a ritmo cada vez mais rápido sua presença e sua influência em outras partes do mundo, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento.
(ÉRICA FRAGA)


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